Edno José de
Almeida Filho
Gabriel F.
Oliveira
O presente artigo provê uma
análise das linhas hermenêuticas discorridas durante a história da
interpretação bíblica utilizados no Cristianismo, sendo eles: (1) a Patrística,
(2) Escolástico, (3) Reformado, (4) Moderno e (5) Pós-moderno; juntamente com
suas pressuposições ideológicas, e suas influências na atualidade. Este artigo
tem como objetivo, propor que o Método Gramático-Histórico ainda é um método
por excelência no campo da teologia, por apresentar ótimos resultados práticos
na missão eclesiástica.
PROLEGOMENA
A palavra
hermenêutica deriva do vocábulo grego hermeneutike, que significa a arte
ou técnicas de interpretar e explicar textos ou um discurso. Segundo a
filosofia, a hermenêutica aborda duas variantes: a epistemológica, com a
interpretação de textos, e a ontológica, que remete para interpretação da
realidade. Etimologicamente está relacionada com Hermes, o deus da mitologia
grega, que era filho de Zeus com Maia[3], que era responsável de
trazer a interpretação da vontade dos deuses para a humanidade. A
hermenêutica pode ser aplicada a textos bíblicos, filosóficos e jurídicos. Na
hermenêutica bíblica, ela está relacionada a arte que estuda as Escrituras, e o
que cada palavra, frase e capítulo significa. Para se fazer hermenêutica
bíblica, é necessário do uso da Exegese, com técnicas de estudos nos idiomas
originais, na história e tempo em que o texto bíblico escolhido fora escrito; E
como afirma Louis Berkhof (2004 p.10): “A Hermenêutica e a Exegese se
relacionam como a teoria se relaciona com a prática. Uma é ciência, a outra,
arte.”
A exegese bíblica
está relacionada ao estudo e a interpretação crítica de um texto. Para se fazer
exegese, é primeiramente necessário fazer-se o uso de ferramentas básicas da
exegese bíblica; como um bom conhecimento das línguas originais, a análise da
literatura e do discurso, a teologia e a história da transmissão do texto
bíblico, e com a Filologia, a Crítica textual e a Manuscritologia. Portanto, a
intenção do exegeta é tentar entender qual foi a intenção e objetivo do autor
quando escreveu determinado texto.
Com todos estes
dados, analisaremos de forma breve a história da hermenêutica bíblica na era
cristã, e as influências ideológicas e filosóficas na interpretação bíblica.
Primeiramente, analisar-se-á o método de interpretação utilizado durante o
período da Patrística: A escola de Alexandria e de Antioquia, juntamente com
alguns pensadores, como Orígenes e Santo Agostinho. Posteriormente,
analisar-se-á o método hermenêutico utilizado durante o período do
Escolasticismo e, por conseguinte, o método Gramático-Histórico desenvolvido
durante o período Reformado; em seguida, analisar-se-á o método hermenêutico
desenvolvido no período Moderno, com o surgimento do liberalismo teológico; e
por último, o período Pós-moderno e a eclosão das Novas Hermenêuticas e suas
influências na teologia contemporânea: como a Teologia feministas e a Teologia
da Libertação. É importante também salientar, que o autor do presente artigo,
tem como ênfase defender o ponto de vista Gramático-Histórico, tendo como a
Bíblia a Palavra infalível de Deus.
A PATRÍSTICA
O período
denominado Patrística, foi uma ocasião em que o pensamento idealista filosófico
Platônico e Aristotélico foi aplicada a hermenêutica bíblica. Este título foi
atribuído aos Pais da Igreja, que foram os responsáveis em defender a fé,
doutrina, e liturgia da comunidade católica contra as heresias expostas por
pagãos. Também foi um período de intensos debates, pois estes padres buscavam
entender o sentido exato das palavras dos profetas e apóstolos, e como
interpretá-las à tal modo, que sempre se aplicasse a Cristo. Neste período,
surge duas linhas de pensamento e interpretação bíblica: a Escola de
Alexandria, que tinha uma hermenêutica mais alegórica; e a Escola de Antioquia,
que tinha uma interpretação mais literal e contextual dos textos bíblicos.
2.1 A Escola de Alexandria
O sistema
hermenêutico de interpretação de Alexandria teve suas raízes históricas em dois
principais pensadores: Heráclito e Platão. O primeiro estabeleceu o conceito de
Hippunóia, que buscava dar um sentido metafísico as obras literárias de
Iliáda e Odisséia, atribuída à sua autoria a Homero. Nesta obra, os deuses da
mitologia grega são pélagos cometendo imoralidades, adultérios, mentiras e
etc.; e para fugir das implicações hermenêuticas óbvias destas obras, Heráclito
sugeriu um novo método de interpretação, a hupponóia, ou seja, um
sentido mais profundo da literalidade textual, salvando assim, os deuses de
acusações de imoralidades.
O segundo, Platão,
foi o idealizador da Teoria das formas, ou também chamada Teoria das ideias:
esta teoria afirma que são as ideias ou formas materiais não abstratas,
consubstanciais, imutáveis e atemporal que possuem o tipo mais transcendente e
mais fundamental da realidade, e não o mundo físico, material, mutável e
temporal conhecido pela humanidade através dos sentidos. Para Platão, há um
certo grau de conexão metafísica entre a visão do olho do corpo e a da alma e o
objeto em razão do qual tal visão não existe.
Estes pressupostos
epistemológicos de se obter conhecimento da realidade, influenciou Orígenes.
Para ele, a melhor perspectiva de se obter conhecimento bíblico, era através da
pressuposição platônica. Nesta concepção, assim como o corpo humano possuía uma
tricotomia, i.é, um tríplice: corpo, alma e espírito; assim a Bíblia também
possuía três níveis de interpretação: o corpo, ou literal, a alma como sentido
moral e o espiritual obtendo uma acepção mística ou alegórico. No nível
literal, ou corpo, era o sentido textual compreendido de maneira evidente por
todos os intérpretes, Orígenes considerava este modelo hermenêutico para os
indoutos e principiantes na fé. O segundo era o nível da alma, ou moral; este
já era para aqueles que haviam obtido progresso espiritual na vida cristã, e
buscavam sentido mais profundo e espiritual na interpretação textual bíblica. E
por fim, o nível místico, ou alegórico; este era a interpretação para os
experientes, e que possuíam uma vida espiritual elevada.
2.2 A Escola de
Antioquia
O método
hermenêutico da escola de Antioquia teve suas raízes históricas no séc. III
d.C. por Doroteu e Lúcio. Enquanto os teólogos da escola de Alexandria
enfatizavam uma exegese mais alegórica, os de Antioquia ressaltavam uma exegese
contextual e literal em razão ao texto. Seus principais representantes são,
João Crisótomo e Teodoro de Mopsuéstia. O primeiro foi um arcebispo da cidade
de Constantinopla, e muito conhecido por suas homilias e por sua habilidade em
oratória, foi um hábil exegeta, e sua compreensão simples e direta as
Escrituras eram contrárias ao método alexandrino. Crisótomo implicava que a
exposição do texto em questão, deveria ser prática e utilizável a vida
cotidiana. O segundo, foi um bispo e escritor da cidade de Mopsuéstia na
Cilícia; diferentemente de Crisótomo, que enfatizava uma exegese espiritual e
aplicada, ele salientava um tipo de exegese mais intelectual e dogmática.
Esta escola ajudou
de certa forma, a contribuir, o que posteriormente seria chamado de método
Gramático- Histórico, pois tinham uma sensibilidade ao sentido literal do
texto, e buscavam entender qual fora a intenção do autor, e também não negavam
o caráter metafórico de algumas passagens; e auxiliou no desenvolvimento do
conceito de theoria: este era um princípio utilizado pelos antioquianos
para descobrir um sentido mais profundo nos escritos escatológicos do AT e do
NT, mas sem perder também seu caráter histórico nos dias do profeta, eles também
eram contrarias as descobertas arbitrárias de Cristo no AT, e concordavam que
Cristo estava presente nas escrituras hebraicas, mas eram contra a ideia de que
Jesus estava presente em cada sentença, palavra e frase, dando um sentido
metafisico e alegórico ao texto.
O tipo de exegese
textual desenvolvido na escola de Antioquia, de certa forma influenciou na
interpretação dos chamados Pais Latinos, embora nem sempre se utilizava o
sentido natural e contextual do texto. Dentre os seus principais intérpretes estão:
Santo Agostinho e Jerônimo. Ao primeiro, é atribuído o conceito, de que
posteriormente por João Cassiano no Escolasticismo seria chamado de Quadriga:
que em um texto, poderia haver quatro níveis de sentido. Jerônimo ao
princípio de sua carreira como exegeta seguía a mesma metodologia alegórica de
Orígenes, mas posteriormente o abandonou pelo sentido literal, um dos exemplos
da quase literalidade de interpretação está na sua tradução da Vulgata.
A história da
interpretação deixa claro que Agostinho tinha uma hermenêutica mais literal que
Jerônimo, um exemplo clássico desta situação, está na interpretação que tinham
de Gálatas 2:11, no qual Celso, um apologeta pagão utilizava este texto
para defender que Paulo e Pedro tinham discordâncias teológicas: Neste
episódio percebe-se claramente a diferença da hermenêutica de um para o outro,
pois Jerônimo o interpretava afirmando que Paulo estava apenas fingindo e
que este “conflito” entre ambos não deveria ser levado em consideração, mas
Agostinho não concordava com esta interpretação, pois para ele, o caráter e a
moralidade de Paulo era afetado, juntamente com a autoridade da própria
Escritura.
O ESCOLASTICISMO
No Escolasticismo
as linhas hermenêuticas de exegese foram similares aos Pais Latinos, pois
neste, os padres e bispos católicos fizeram da Bíblia um sistema de codificação
escriturísticas, i.é, que poderia ser interpretado somente pelos líderes
eclesiásticos. Esta ideologia de codificação das Escrituras, de certa forma
teve suas influências hermenêuticas na metodologia alegórica de Orígenes,
embora que nem todos os teólogos deste período foi influenciado pelo mesmo.
Entre os alegoristas do Escolasticismo destaca-se João Cassiano, que a ele é
atribuída a famosa quadriga, colocando a exegese Bíblica em quatro
níveis de sentidos: (1) o literal ou histórico, que é o sentido evidente e
óbvio no texto; (2) o alegórico ou cristológico, que geralmente apontava para
Cristo; (3) o moral ou tropológico, era a aplicação feita das escrituras as
obrigações e a conduta do cristão, e (4) o anagógico ou escatológico; que se
aplicava as profecias futuras e que o cristão deveria aguardar. Um exemplo
clássico da quadriga é o uso que Bernardo de Claraval, um prolífico
escritor do séc. 11, em seu livro Sobre o amor de Deus aplica ao livro
de Cantares 2:
“[...] nem os
judeus nem os pagãos sentem as dores do amor como a igreja, que diz:
“Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, pois desfaleço de amor, ”
[Ct. 2:5]. Ela contempla o rei Salomão, com a coroa com a qual a sua mãe o
coroou no dia do casamento; ela vê o unigênito do Pai carregando o fardo pesado
da sua cruz. Contemplando isso, a espada do amor transpassa sua própria alma e
ela clama: “Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, pois desfaleço de amor.
” Os frutos que a esposa colhe da Árvore da vida no meio do jardim de seu amado
são romãs [Ct. 4:13], que tomam seu gosto de pão da vida, e sua cor do sangue
de Cristo. ” (LOPES, Augustus Nicodemus. 2013, p.185). A principal ênfase na
exegese alegórica dos textos bíblicos, por parte dos teólogos escolásticos era
justificar as inovações litúrgicas, e os dogmas eclesiásticos. Um
exemplo desta aplicação, era referente ao sacerdócio, como intercessores entre
Deus e a humanidade, e os poderes para efetuar a transubstanciação, passaram a
ser justificados com base de interpretações alegóricas das Escrituras. E
referente aos dogmas eclesiásticos, ou a regula fidei, como a
justificação da ex catedra, o bispo Antônio de Florença da França
justificava estas práticas pela interpretação alegórica do Sal. 8:7-8, como as
ovelhas sendo os cristãos, os bois sendo os judeus e hereges, e os animais do
campo sendo os pagãos, e os peixes do mar eram as almas no purgatório.
Embora que neste
período, praticamente predominava o método alegórico de interpretação bíblica,
ainda tinham monges que utilizavam um método mais natural em razão das
Escrituras, como o monge alemão Tomás Kenpis. Outro fator que influenciou
alguns intérpretes do Escolasticismo a utilizar o método mais literal, foi o
surgimento das escolas de teologia, na idade Média Alta, que adotaram um
sistema de interpretação questio, como antagônico aos sistemas dos
mosteiros, que eram centros de estudos devocionais (lectio). O questio
era um método de interpretação que consiste em um quis de perguntas
e respostas referentes aos textos estudados, que refletia em entender a
intenção do autor em determinado texto.
As influências de
exegetas judeus também de forma significativa influenciaram na hermenêutica
cristã. Assim como no período Patrístico, Orígenes teve influências de Filon de
Alexandria, no Escolasticismo não foi diferente, RASHI foi exegeta judeu, que
tinha um método de interpretação peshat, que era mais sensível ao texto
bíblico, influenciaram teólogos como o próprio Kampis e Hugo de São Vitor da
França. Também as obras de Maimônides, um teólogo e filósofo judeu do séc. XII,
que a ele é atribuído a codificação da lei judaica (halakha) e aos 13
princípios de fé judaica (Ygdal), defendia que a Lei (Torá) deveria ser
interpretada e aplicada (agadah) literalmente.
A REFORMA PROTESTANTE
No período
escolástico, os papas e padres católicos eram consideradas pela população
medieval, como pessoas infalíveis, sem sujeito a erros na interpretação, com o
início da reforma, os teólogos adeptos ao protestantismo deveriam elucidar
textos bíblicos sem recorrer ao uso alegórico e a tradição utilizada pela ex
cátedra da Idade Média. Enquanto que a alegorese enfatizavam somente
a doutrina das Escrituras, o método hermenêutico utilizado na reforma
dava-se também ênfase no fenômeno das Escrituras, i.é, atentando aos
sentidos léxicos-gramaticais e ao contexto histórico do autor bíblico, não
atribuindo contradições entre diferentes versículos abordando no mesmo assunto,
mas buscavam um modo de que os relatos sejam harmonizados; isto fazia que com o
tipo de exegese reformada, seja controlada, pelos que os críticos- históricos
denominam como dogmatismo eclesiástico, de que a Bíblia é a infalível e
inerrante palavra de Deus. Um exemplo clássico desta situação, é o relato da
cura do cego em Jericó, narrados em Mt. 9:27-34 Jesus curando dois cegos saindo
da cidade, em Lc. 10:46-52, o mesmo relato histórico, mas, porém, Jesus chegando
na cidade curando apenas um único cego - Bartimeu. Outra importância para os
reformadores, era a aplicação de certas passagens de contextos antagônicos do
AT, que os autores
do NT atribuíram a Jesus; como no caso do Os. 11:1 como menino de referindo ao
povo Israel quando saiu do Egito, e Mateus (2:15) o aplicou a Jesus, quando do
Egito saiu.
O método
desenvolvido na Reforma, conhecido como Método Gramático-Histórico, embora o
uso deste termo apareça 100 anos após o Protestantismo, enfatizava que entre o
leitor ao autor, havia uma lacuna temporal e contextual distantes, i.é, que os
textos bíblicos foram escritos em linguagem, contexto e tempo diferente do intérprete,
por isso era necessária uma busca acurada sobre a cultura e linguagem da época
do profeta ou apóstolo. Calvino, entendo perfeitamente este fato, quando disse
que o leitor e intérprete das escrituras deveria orare, pois a bíblia
era um livro difícil de entender, e nada melhor que recorrer ao seu Autor; e labutare,
i.é entender o máximo possível da linguagem, história e contexto da época do
livro estudado.
Com estas
pressuposições, de que a Bíblia é a infalível e inerrante palavra de Deus,
textos como o relato de Os. 11:1 aplicado a Mt. 2:15 eram interpretados como sensus
plenior, uma vez que os cristãos o tinham como revelação-inspiração divina.
A contradição dos dois relatos da cura do cego de Jericó, os reformadores
elucidaram uma resposta plausível a esta contradição: de que o uso casual de
Lc. 10: 46-52 sendo curado um cego, podiam facilmente ser interpretados a luz
do contexto sistemático de contagem, de que não eram contados mulheres e
crianças (Gn. 12:32 e Nm. 1:46); possibilitando uma hipótese possível que o
relato de Mt. 9:27-34, a intenção do autor possivelmente era quebrar esta
barreira cultural, dando a possibilidade de interpretar o segundo cego como uma
mulher, ou criança.
4.1 O uso da Crítica Textual
A ênfase que os
reformadores deram no labutare da Bíblia, em entender a intenção e o
contexto do autor, levaram-no a fazer uma pesquisa mais acurada dos textos
bíblicos, como o uso da Crítica Textual. Na Teologia bíblica, o uso da
ferramenta da crítica textual é um importante e excelente recurso para o estudo
da Bíblia. A Crítica Textual tem como objetivo, fazer uma pesquisa profunda,
por meio da análise da filologia, a comparação e a preservação de
manuscritos existentes, chamados de variantes textuais, e por intermédio
destes restituir por interferência da hermenêutica e a exegese a forma
“originária” da Bíblia, ou seja, se aproximar o mais possível dos autógrafos
bíblicos.
Um exemplo da
utilização da baixa crítica, está no verso de Is 21:8: “E um leão clamou: Meu
Senhor, eu estou sobre a torre de vigia...” (tradução do texto massorético da
BHS); neste texto, Deus havia ordenado ao profeta construir um posto de
observação, para poder anunciar a derrota do império babilônico, e embora a
tradução feita do TM esteja correta, o que levou o leão a estar sobre a torre
de vigia? Esta implicação levou diversos exegetas a atribuir um sentido
metafórico ao texto, interpretando-o como um mensageiro clamando como grito de
um leão, como na tradução da KJV, outros pensam que se trata de um grito de
alerta, como os pastores de ovelhas. Em virtude desta divergência exegética,
alguns críticos sugeriram que o leão deveria ser substituído pela palavra
vidente, isso porque nos erros de cópias de manuscritos anteriores deveria ter
feito a transposição de duas letras da palavra hebraica הראה (haro’eh) para אריה (‘ar’ryeh) Esta incógnita ficou em suspense até
metade do século 20, pois até mesmo a LXX deparou com o leão, sem saber ao
certo o que fazer com ele; mas com as descobertas dos manuscritos do Mar Morto,
o leão saiu de vez do pedestal, pois o rolo 1QISA datando do 2 século a.C.,
aparece a formulação “vidente”, confirmando assim a hipótese de texto que os
críticos haviam chegado por intermédio da análise da crítica-textual.
5. A MODERNIDADE
A Modernidade teve
suas raízes históricas com o surgimento do Iluminismo, no séc. XVII e
principalmente no XVIII tendo seus principais objetivos na libertação da
humanidade e da superstição, principalmente a religiosa, por meio da análise
racional e das descobertas científicas. A contribuição para o conhecimento
científico inicia-se com três pensadores, embora houvessem outros que
revolucionou o conhecimento científico, e a mudança de paradigma que se
obtinha-se antes da era Moderna: (1) Nicolau Copérnico com o modelo cosmológico
heliocêntrico, que anteriormente pensava-se que o modelo universal seria
geocêntrico. (2) Francis Bacon, também foi outro importante fator que
contribuiu para o desenvolvimento do Método Científico, que se refere a um
conjunto de ideias que possam ser verificáveis, baseadas no campo da observação
e que possam ser analisadas pela indução. (3) Rene Descartes, que por
intermédio do raciocínio e da lógica científica as proposições podem extrair
conclusões absolutas.
Este paradigma
hermenêutico ficou conhecido como Sapere Aude, um lema latino utilizado
por Kant, e posteriormente por Lucke em resposta ao que significava o
Iluminismo: atreva-se a conhecer, ou ouse saber. Estes ideais sob
influências do racionalismo filosófico-teológico tiveram seus iminentes impactos
em diversas áreas do conhecimento científico além da teologia e a filosofia,
como é retratado por Ricardo Gouveia:
“A razão deveria
julgar o que é aceitável, ou não, que se creia sobre Deus, e substituindo a
revelação e a tradição, tornou-se o novo árbitro da verdade. O homem se viu
capaz de entender a ordem fundamental do universo, e os Princípios newtonianos
simbolizaram essa nova era. As leis da natureza tornaram-se inteligíveis, e o
homem se viu capaz de dominar e transformar o mundo. O ideal científico
determinou que apenas os aspectos mensuráveis da vida e do cosmos deviam ser
tratados como reais. Não apenas as ciências naturais, mas também a política, a
ética, a metafísica e a teologia teriam que se submeter à rigidez dos cânones
científicos.” (GOUVEIA; Ricardo. 1996. p.60-61).
Os pressupostos
paradigmáticos do ethos moderno reinterpreta toda a cosmovisão
ideológica do Escolasticismo; pois a ênfase deste paradigma hermenêutico
deve-se ao Humanismo da Renascença, com ênfase no humano, em detrimento ao
divino. Estas bases ideológicas e cosmovisão da modernidade foram aplicadas a
teologia, possibilitando em uma nova reinterpretação das Escrituras, e surgindo
um novo paradigma hermenêutico de estudos teológicos: o Método
Histórico-Crítico.
5.1 O Liberalismo
Teológico
A contribuição
para a formulação da hermenêutica moderna, teve como influência o
dogmatismo eclesiástico no controle do conhecimento no Escolasticismo: este
paradigma (Método Gramático-Histórico) teve como pressuposição teológica quatro
principais pontos que controlavam a hermenêutica e a exegese bíblica: (1) a
Bíblia é a palavra de Deus (2) as Escrituras é inerrante,
(3) as
manifestações Teofânicas no tempo e na história são literais, e (4) a
autoridade e infalibilidade das Escrituras. Estas pressuposições teológicas,
foram deixadas de lado paulatinamente, com a chegada do racionalismo moderno e
cartesiano, ou seja; o Sapere Aude foi aplicado a hermenêutica bíblica,
com o intuito de se aproximar do objeto de estudo de forma neutra e científica,
considerando as Escrituras não mais como Revelação-Inspiração divina, mas
somente como um livro de origem humana, e que deveria ser examinado como
qualquer outro, admitindo erros, falhas, imprecisões, inverdades, mentiras
piedosas, pseudonímia e mitos nas páginas do AT e do NT. Um exemplo desta
abordagem mitológica aplicada a forma oral das Escrituras, é a hipótese que
David Strauss faz referente aos escritos dos evangelhos sinóticos. Para
Strauss, nenhum dos relatos sequer dos evangelhos relatados no NT foram
escritos por uma testemunha ocular, mas são apenas registros de misturas de
aspectos mitológicos com relatos históricos:
“Apesar de que a
vida terrena do Senhor cai dentro dos tempos históricos, se assumimos que
somente uma geração passou entre a sua morte e a composição dos evangelhos, tal
período teria sido suficiente para permitir que o material histórico se
misturasse com mito. Tão logo um grande homem morre, as lendas se ocupam de sua
vida.” (STRAUSS, David Friederich, 1860, p.32).
Este paradigma de
interpretação bíblica, difere do método Gramático Histórico, em três principais
pressuposições ideológicas: (1) o ceticismo (2) criticismo e (3) o deísmo. Ao
ceticismo, o liberalismo teológico como foi apresentado anteriormente, nasce
com o modelo ideológico do Iluminismo, que tem como objetivo a obtenção de
conhecimento científico por meio da indução, da razão, e principalmente do
ceticismo, o que levou vários teólogos, como Rudolf Bultmann, Ernst Kasemann,
Schleiermacher e outros a serem céticos referente a doutrinas e ao fenômeno
das Escrituras. Ao segundo, o criticismo, este modelo hermenêutico além de
relevar os aspectos históricos e geográficos, fizeram com o uso da Crítica
Textual, ou Baixa Crítica uma ferramenta de Alta Crítica para
defender a ideologia de erros históricos, geográficos e literários nas
Escrituras; sendo assim, aparentes discrepâncias como o texto de Is. 21:8, os
dois relatos da cura do cego de Jericó em Mt. 9:27-34 e Lc. 10:46-52, os textos
do AT que foram aplicados a messianidade de Jesus, e os sensus plenior,
como Os. 11:1 em Mt. 2:15; eram considerados pelos liberais como erros
hermenêuticos por parte dos autores bíblicos. E, por último, o terceiro, o
liberalismo teológico tem suas dívidas paradigmáticas com o deísmo, que é uma
cosmovisão de mundo que o interpreta como um sistema de causas e efeitos,
colocando as ações divinas como totalmente transcendentes, tirando as ações de
Deus no tempo e na história. Esta pressuposição totalmente ideológica, faz com
que as manifestações Teofânicas apresentadas nas páginas Sagradas sejam
descartadas, recorrendo, por exemplo, que os milagres de Jesus relatadas no NT
sejam mitos históricos escritas pelos crentes em Jesus do I e do II século.
Com estas
perspectivas, principalmente a do deísmo, Bruno Bauer, um teólogo liberal
alemão, por exemplo, atribui os milagres feitos por Jesus, juntamente com sua
ressurreição, foram atividades ideologicamente inventados pelos seus seguidores
após sua morte, quando passaram a acreditar que ele fosse o Messias, e por meio
do Kerygma dos apóstolos fora ressuscitado:
“Jesus tinha que
realizar esses milagres, esses milagres espantosos, pois de acordo com o que os
evangelhos apresentam, ele é o Messias..., mas ele só começou a fazer milagres
quando, na fé da igreja primitiva, ele ressurgiu dos mortos como Messias. ”
(LOPES, Augustus Nicodemus. 2017, p.185)
Estas ideologias
racionalistas e ceticistas levaram teólogos a considerarem Palavra de Deus
e Sagradas Escrituras como não sendo termos sinônimos; como afirma Johan
Semler (SEMILER, J.1967, p.52): “A raíz de todos os males (na teologia) é usar
os termos ‘Palavra de Deus’ e ‘Escritura’ como se fossem idênticos”. Com estas
perspectivas teológica, a exegese bíblica teve uma reestrutura na forma
metodológica de estudos hermenêuticos concernentes às Escrituras, pois a busca
destes teólogos liberais, era tentar encontrar, com base na ideologia de
Semler, dentro do Cânon Formal[15] o Cânon Normativo. Estas abordagens
críticas referentes a origem e transmissão da bíblia, levaram exegetas, como
Albert Schweitzer e Bruno Bauer, a terem diversas abordagens críticas de
interpretação na busca deste Cânon Normativo dentro do Cânon Formal. Estas
abordagens metodológicas são: (1) a Críticas Documentária, (2) a Crítica da
Forma, e (3) Críticas Literária.
5.1.2 A Críticas Documentária
Esta abordagem
crítica em relação ao fenômeno das escrituras tem como objetivo o estudo
de diferentes componentes do texto Bíblico em relação às literaturas
contemporâneas, e analisá-los separadamente, uma vez que nos tempos em que foi
escrito, não continha dados de direitos autorais. Sendo assim, a tarefa da
Crítica das Fontes, ou também chamada de Hipótese documentária, é
identificar estes documentos compilados das Escrituras, e analisá-las
separadamente de sua teologia e contexto histórico em que foram escritos.
Um exemplo desta
abordagem metodológica referente ao AT, é a hipótese que Jean-Astruc e
posteriormente Graff-Wellhausen defende, que ao Moisés escrever o
Pentateuco, utilizou-se de quatro fontes documentárias por detrás da posição
Formativa: Astruc primeiramente defende que Moisés utilizou duas fontes para os
relatos da criação em Gn 1-2; uma que refere-se a Deus como Elohim (fonte
Eloísta) – Gn. 1:1 - e outra que refere-se a Deus como Yahweh (fonte Javista)
Gn. 2:1, - já Wellhausen estende esta hipótese a todo o Pentateuco, admitindo
quatro origens documentárias como fontes hipotéticas, além das fontes Eloístas
e Javistas propostas por Astruc, mas também as fontes Deuteronomistas e
Sacerdotal.
Estas
pressuposições exegéticas por intermédio destas hipóteses críticas, influenciou
em 1780 Johnn Eichhorn a rejeitar a autoridade mosaica a Torah, e em
1805 Wilhelm De Wette a propor que nenhuma das partes, ou fontes
documentárias que compõem os cinco primeiros livros da Bíblia foram
escritas em datas anteriores ao reinado de Davi; possibilitando do ponto de
vista da crítica e Normativo, i.é. os 66 livros canônicos, o Cânon Normativo,
que seria uma espécie de um Cânon singular ao Cânon Formal, e este o que seria
de fato a palavra de Deus dentro das Escrituras supostamente
atribuído pelo epíteto de Cânon Normativo. racional, um anacronismo em relação
a ordem cronológica do Cânon Formal e tradicional. Esta hipótese de cronologias
antagônicas, posteriormente reestruturou toda a base cronológica bíblica
tradicional, o exemplo a ser citado, é as cronologias distintas entre as ordens
tradicional e a crítica. Referentes ao AT, a ordem cronológica tradicional, tem
como estrutura cronológica (1) o Pentateuco e os livros históricos, (2) os
livros poéticos, ou sapienciais, (3) os profetas maiores (anteriores) e menores
(posteriores). Já referente a ordem cronológica crítica – abordagem
Histórica-Crítica - da cronologia do AT, a estrutura normativa tradicional
recebe uma reorganização e reestruturação cronológica, com bases na teoria de
Wilhelm De Wette, sendo (1) o surgimento dos profetas (2) os escritos dos
livros poéticos, e (3) o Pentateuco e os livros históricos.
5.1.3 A Críticas da Forma
Esta metodologia
vai além da Crítica das fontes, e tem como objetivo descobrir as formas
originais dos textos bíblicos em seu processo de transmissão oral antes de sua
forma escrita, e também identificar as alterações feitas durante o processo de
transmissão que posteriormente foram editadas e escritas. Com esta forma de
metodologia, o objetivo do exegeta é reconstruir o Sitz im Lebem, i.é.,
o ambiente vivencial em que estas fontes foram produzidas, para assim chegar ao
exato sentido do texto.
Esta metodologia,
por exemplo foi aplicada aos textos do NT por Bultmann, que se utiliza deste
método para identificar o material autêntico dos evangelhos. Para ele, os ditos
de Jesus relatados nos escritos do livro de Marcos por exemplo, foram
transmitidos por um período considerável de forma oral antes de sua forma
escrita, posteriores a ressurreição. Estas formas, foram produzidas
separadamente, e independente umas das outras, e posteriormente selecionadas e
agrupadas em um único texto pela comunidade Marcana. Bultmann também tem como
alvo identificar diversas formas de gêneros literários nos livros sinóticos, e
explicar como foram produzidos, agrupados e formado em única obra. Os
paradigmas referentes aos relatos sobrenaturais de Jesus, como curas, exorcismo
e milagres, para ele, foram criados pela comunidade Primitiva e aplicados a
boca do Jesus histórico, como evidência de sua messianidade; e em alguns casos,
estas histórias foram criadas segundo o padrão dos relatos míticos e lendários
do AT, como os milagres de Elias e a cura da filha de Jairo. Assim,
posteriormente os crentes da Igreja Primitiva reuniu de modo superficial todos
os materiais disponíveis que foram transmitidos de forma oral, selecionados, e
agrupados recebendo sua forma escrita, como está disposto atualmente nos
evangelhos sinóticos do Cânon Formativo.
Dentro destas
perspectivas, Bultmann nega os relatos históricos dos evangelhos referente aos
relatos sobrenaturais, como os milagres de Jesus, seu nascimento virginal, sua
ressurreição, e consequentemente seu retorno a este planeta. Para ele, Jesus é
apenas um homem comum, que revolucionou a história por seu exemplo e
testemunho, como afirma em sua obra Kerygma and Myith:
“Quem é esse homem
Jesus? É um homem como nós, e não uma figura mítica [isto é, nunca realizou
milagres]; ele não tem radiância messiânica... é um homem que renovou e
radicalizou o protesto dos grandes profetas do Antigo testamento contra o
legalismo e o culto falso de Deus, e que foi entregue pelos judeus aos romanos
para ser crucificado. Tudo o mais é incerto e lendário. ” (BULTMANN, Rudolf.
1961, p.37)
5.1.4 A Críticas Literária
Enquanto a
Críticas documentária tem como objetivo recuperar os documentos que foram
originalmente usados para a composição do texto Bíblico, e a Crítica da forma
com a transmissão oral pela qual estes documentos textuais pela tradição
passaram, a Críticas Literária, ou Críticas da Redação se debruça com seus
redatores que haviam combinados estas fontes para formar o texto em sua fase
final. Estas abordagens críticas como metodologia exegética para encontrar o
Cânon Normativo dentro do Cânon Formal, é tentar descobrir por meio da Crítica
Literária os materiais originais, para em seguida, excluir os textos alterados
pelos redatores quando editaram os textos sagrados na forma que se encontra no
Cânon Formal.
Esta abordagem
leva à conclusão que boa parte dos escritos que compõem textos do AT e NT são,
em sua forma final, fruto de edição, coleção e harmonização de textos antigos e
de fontes anteriores, que em sua fase final, refletia um texto com as
perspectivas teológicas das comunidades locais dos editores ou escribas. Sendo
assim, a tarefa da crítica literária é na tentativa de descobrir a “teologia” e
os princípios teológicos destes redatores que a compõem, e que hoje se
encontram no Cânon Formal.
Esta metodologia
de pesquisa levou Gerhard von Rad a aplicar a Crítica Literária aos textos do
AT, ao qual ele tenta sempre ir além do processo de reconstrução dos estágios
iniciais no processo de formação do Cânon Formativo, o que leva os exegetas a
sempre escutar o “redator” para assim entender qual foi a intenção que o livro
estudado quer realmente dizer. Esta abordagem levou vários teólogos como Martin
Noth a escreverem sobre a teologia Deuteronomista, o suposto redator dos
livros de Josué-2 Reis, também sobre a teologia do Cronista, suposto
redator que editaram os textos de 1-2 Crônicas e alguns dos livros proféticos.
Referente a
abordagem do NT, W. Wrede levanta sua hipótese quanto a teologia do livro de
Marcos. Em sua obra Das Messiasgeheimnis in den Evangelien, Wrede
defende que a estrutura deste evangelho foi mera invenção do redator, ao qual
tem o objetivo de revelar, o que Wrede chama de segredo messiânico. Este
segredo, para ele, só foi descoberto após a ressurreição, o que
significa que a declaração de Pedro “tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” não
foi realmente histórico, mas criada pelo autor que editou o livro de Marcos, e
colocado na boca de Pedro. Sendo assim, o autor de Marcos tem como objetivo
declarar que Jesus é o Messias, e explicar o porquê isto não foi descoberto
antes de sua morte. Embora a tese de Wrede ser fortemente criticada por vários
eruditos do NT, a sua influência foi muito grande, provocando enorme suspeita
sobre a estrutura literária do evangelho e desconfiança em relação às narrativas
históricas relatadas no texto que dão o contexto dos ditos de Jesus.
5.2 A Teologia Dialética
A Teologia
Dialética, ou também chamado de Neo-Ortodoxia, é uma abordagem hermenêutica que
emerge no séc. XX por Karl Barth, no esforço de subjugar os efeitos nocivos do
Método Histórico-Crítico e afastar o subjetivismo existencialista da
interpretação bíblica, e principalmente no Cristianismo. Em sua hermenêutica,
ele não abandona totalmente os pressupostos do liberalismo teológico, mas
propõe que a Igreja leia a Bíblia sem levar em conta seus resultados
exegéticos, pois afinal, para ele, a fé é independente da historicidade da
narrativa bíblica. Com isso, Barth defende que os relatos históricos narrados
na Bíblia não podem transmitir a imanência divina, e como registro histórico,
as Escrituras só nos falam mediante a simultaneidade histórica mediante a fé.
Este ecletismo do
liberalismo teológico e inspiração bíblica, Barth faz uma distinção
paradigmática de inspiração verbal e inspiração literal. Para ele,
a inspiração verbal é inegável, correta, e que não poderia ser negada
teologicamente, pois as Escrituras são testemunhas do Cristo encarnado; mas a
inspiração literal, ou inerência bíblica deveria ser negligenciada, pois se
trata de uma garantia miraculosa aos relatos errôneos e discrepantes das
Escrituras, pois a palavra de Deus nunca deve ser identificados nas palavras
humanas, ou eventos históricos. Estas proposições Barthiana levou muitos de
seus discípulos a considerarem as Escrituras e a história da Redenção como
meros testemunhos e analogias das ações transcendentes de Deus. Um exemplo a
ser citado deste paradigma hermenêutico, é o comentário que fez sobre a fé e
existência de Abraão, que para ele, esta fé só faz sentido se uma pessoa crer
como Abraão creu. Desta forma, Barth não está negando sua historicidade, mas
apenas não acredita que seja possível prová-la, e que isto só tem utilidade
para o presente se pudermos ver a correlação entre nossa situação do presente e
aquela mencionada:
“A história do
Gênesis alça a sua voz para nos falar do que não é histórico: e nos diz que a
fé que habitou em Abraão lhes foi imputada por justiça... É nesta forma, neste
discurso de simultaneidade, que a história revela a sua utilidade, mostrando ao
tempo presente o sentido único de todos os eventos históricos... Sem a
proclamação do “não histórico”, sem tomar ciência do conteúdo e do significado
imaterial dos eventos humanos e mundanos, o passado não fala, e o presente não
houve... Se, independentemente dos estudos dos documentos antigos, não existir,
bem viva, a percepção do significado único e constante dos eventos humanos, a
história se transforma em simples narração da sequência de épocas e enumerações
das civilizações que se sucedem... A história do Gênesis é dessa natureza. Ela
é uma história que escuta e que fala. Ela é plena de contemporaneidade.” (BATH,
1986, p.58).
6. A
PÓS-MODERNIDADE
A Pós-Modernidade
é marcada por uma imensa relativa desconstrução das hermenêuticas apresentadas
anteriormente, e pela mudança de paradigmas em relação as metanarrativas
construídas na Modernidade. Em relação ao seu ufanismo inicial, foi muito
discutido por filósofos da atualidade, mas atualmente há um imenso consenso a
este surgimento histórico, datado em torno de 1960 e 1970, com a queda do muro
de Berlim, e o colapso do comunismo, como nascimento da era pós-moderna.
Como o período
Pós-moderno não surgiu de uma forma emergente em um único período da história,
ela tem sido constantemente influenciada por diversos intelectuais que
apontaram possíveis resultados para os problemas relacionados às questões
Modernas. No século XIX por exemplo, surge Søren Kierkegaard e Nietzsche que
são conhecidos como antecessores do pensamento pós-moderno, e que foram as
primeiras vozes filosóficas, no que no século XX seria chamado de
existencialismo. É importante salientar também, que neste mesmo período, as
obras de Martin Heidegger, Ludwig Wittgenstein, Thomas Khun, Max Scheler e Karl
Mannheim moldaram de forma significativa as hermenêuticas pós-modernas do
século XX. Como cada um destes pensadores podem ser compreendidos de diversas
perspectivas, não pretendo citá-los suas ideologias, mas apenas enfatizar como
estas influenciaram para o início do pós-modernismo, mas pretendo apenas
destacar, no meu ponto de vista, os intelectuais que contribuiu com maior
preeminência para as hermenêuticas pós-modernas.
6.1 Implicações culturais
Diferentemente do
Iluminismo, o pós-modernismo abandona o conceito de absolutismo que poderia ser
alcançada por um método correto, e defende que os métodos são sempre
determinados pela época e contextos específicos. O teólogo
Alister McGrath,
define as hermenêuticas pós-modernas como (2001, p.112) “uma espécie de
sensibilidade cultural sem absolutos, certezas fixas ou fundamento, que se
deleita no pluralismo e na divergência”.
Hans-Gadamer é um
dos principais filósofos da pós-modernidade que reage fortemente contra o
conceito de verdade absoluta. Influenciado por Heidegger, ele defende que os
métodos de pesquisas para obtenção do conhecimento são sempre determinados pela
época e períodos específicos da História, e que toda e qualquer pesquisa é
controlada por seus pressupostos culturais. Portanto, na busca de conhecimento
não se pode falar de uma metodologia específica como na interpretação de
textos, mas sim de uma interpretação epistemológica. Gadamer ainda defende, que
ao elucidar um determinado texto, a intenção do autor não é decisiva e nem
necessária para encontrar sua intenção textual, e que o entendimento deste não
é causado inteiramente pelos pressupostos do leitor, mas é aquilo que ele chama
de Fusão de horizontes: que no processo de leitura, os mundos vivos dos
textos e do intérprete se fundem, expandindo o horizonte do texto produzidos
por uma terceira e nova situação histórica, tornando-se seu sentido
arbitrário.
Além de Gadamer,
as obras filosóficas de Foucault e Rorty foram outros fatores relevantes para
as hermenêuticas pós-modernas. Ambos abandonam a proposta da filosofia
sistêmica, para a filosofia edificante: de que o conhecimento absoluto é
credenciado ser verdadeiro por um produto de uma situação histórica cultural.
Rorty argumenta que simplesmente devemos desistir de buscar a verdade, e nos
satisfazer unicamente com a interpretação epistemológica da realidade, sendo
elas relativas, dependendo de suas perspectivas culturais.
6.2 O Estruturalismo
O estruturalismo é
uma corrente científica da linguagem que emerge no início do século XX, por
Ferdinand Saussure, que aborda a realidade social a partir de um conjunto de
elementos considerado elementar das relações, que tem como intenção, por meio
deste método descobrir as estruturas sintáticas do texto que sustentam todas as
coisas que os seres humanos fazem, pensam, percebem e sentem, em vez de estudar
estes elementos isoladamente em si mesmo.
A teoria
estruturalista de Saussure faz uma distinção entre langue (língua) e parole
(fala). A langue está relacionada á estrutura da linguagem que o
conjunto de símbolos e padrão que estão por detrás da fala (parole).
Esta distinção é ilustrada por Saussure por duas orquestras que possuem a mesma
pauta musical, que seria as estruturas da langue; e as interpretações
das diferentes orquestras são a parole; com isso, as orquestras tocam a
mesma pauta com as mesmas estruturas, porém com detalhes diferentes, que seria
as interpretações diferente da mesma peça. Assim, na hermenêutica existem a langue
que seria a “pauta” por detrás das diferentes línguas, e a parole que
são as diversas interpretações da “pauta”.
No estruturalismo,
o trabalho do linguista e do intérprete, é se preocupar com as estruturas
pertencente a langue á qual os textos pertencem, sendo analisadas
através da sincronia, i.é. a ocupação que as palavras estão sendo utilizadas no
presente em relação umas às outras; sendo assim, em uma frase, um substantivo
deve ser subordinado ao restante da estrutura textual em que a compõe o
sistema, e não por sua qualidade diacrônica. O problema desta teoria, por mais
que o autor tenha escrito com uma única intenção, o seu texto transmitiu
inconscientemente uma série de outros sentidos por meio da estrutura que
governa todas as línguas.
Este método de
interpretação sincrônica estruturalista, auxiliou na formulação da crítica da
narrativa, ou também chamada de nova crítica literária; que principalmente se
preocupa com os aspectos literários da narrativa bíblica, não focalizando no
contexto histórico do texto, mas sim na forma como os autores bíblicos
os narraram. Suas principais características são (1) a autossuficiência do
texto, que é considerado como independente do seu autor, e que seu sentido
literário está contido nele mesmo, sem recorrer aos aspectos externos; e (2) a
negação da intenção do autor, que a sua intenção juntamente com o contexto em
que o texto foi escrito, são considerados como não tendo qualquer importância
para a hermenêutica, i.é. ao terminar de escrever um texto, o autor juntamente
com suas intenções “morrem”.
6.3 O Desconstrucionismo
A desconstrução,
também chamado de pós-estruturalismo é um conceito elaborado pelo filósofo
francês de origem judaica Jacques Derrida, que emerge em resposta ao
estruturalismo literário de Saussure, que os paradigmas textuais estão
relacionados em estruturas sintáticas resultantes no sintagma. Os
desconstrucionistas rejeitam esta hipótese, para eles, as palavras não têm
nenhuma capacidade de expressar tudo o que realmente a linguagem tenta
transmitir; e que a locução é apenas um sistema fechado que não tem qualquer
relação direta com a realidade externa, e todos os paradigmas gramaticais são
arbitrários, e um texto é simplesmente uma série de sinais e símbolos que
participam de uma “arena textual” ao qual convida o leitor a “brincar” com o
texto, possibilitando todas as leituras possíveis de um mesmo contexto em
múltiplas interpretações.
A ênfase do
desconstrucionismo é penetrar no texto pelo uso da desconstrução para denunciar
sua arrogante pretensão, por meio do exercício, do que Derrida chama de aporia,
que é encontrar nos textos sua básica contradição, que geralmente consiste no
uso de metonímias, que para ele demonstra este deslize entre os significados,
apresentando suas contradições externas. Para esclarecer como é feito a
desconstrução, usarei o exemplo que Gene Veith faz em uma leitura
desconstrucionista da Declaração da Independência Americana:
“Mantemos estas
verdades como auto evidentes, que todos os homens são criados iguais; que são
adaptados por seu Criador de certos direitos inalienáveis; que entre esses
direitos estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.” (VEITH, Gene
Edward Jr. 1998, p.32)
Veith em sua obra Tempos
Pós-Modernos declara que esta citação acima pode ser desconstruída por suas
explícitas contradições: as declarações dos termos igualdade e
liberdade desconstrói o sentido literário do texto, pois mesmo falando de
igualdade social, exclui o uso do termo mulheres (...todos os homens são
iguais...), e se tratando de liberdade, alguns de seus autores possuíam
escravos, como Thomas Jefferson. Assim o conceito de liberdade e igualdade no
texto é desconstruída, ou desmontada por estas contradições, o que nega ás
mulheres e os negros dos mesmos.
Na teologia, o
desconstrucionismo tem exercido influência desde 1980, com a mesma pretensão,
de desmontar e relativizar a intenção do autor, e com esta finalidade,
passagens como o chamado de Abraão em Gn. 12 podem ser reinterpretados como
sendo invenção de um povo para justificar sua posse na terra de Canaã. P.D
Miscall aplica este mesmo método nos livros do AT, e um de muitos exemplos
destrutivos que ele aborda em seu livro The Working of Old testament é a
análise que faz da história de Davi e Golias:
“[...] não dá para
saber que tipo de gente era Davi. O texto nos permite supor que era um jovem
pastor piedoso que iria enfrentar o gigante porque o mesmo desafiou o Deus de
Israel, ou que era um jovem guerreiro ambicioso que sabia os efeitos da derrota
de Golias sobre o exército israelita.” (MISCALL, P.D, 1983. p.73)
Para Miscall, o
texto não traz nenhuma informação sobre quais foram as motivações de Davi para
derrotar Golias, possibilitando duas interpretações: (1) que ele era um pastor
piedoso e o enfrentou por desafiar o Deus de Israel, e (2) por ser um jovem
ambicioso e por ter pretensões de tomar posse do reinado de Saul; tornando o
relato do texto bíblico com ambiguidade.
6.4 Diversidades
epistemológicas na interpretação bíblica
Na
Pós-Modernidade, a hermenêutica bíblica sofre diversas influências
principalmente de pensadores existencialistas. As obras de Bultmann e
Schleiermacher, por exemplo, contribuiu de forma significativa para a
relativização do texto bíblico; e são aplicadas de dois modos: (1) quando um
texto é produzido, o autor inconscientemente reproduz nele uma série de regras
e convicções de cultura e língua exclusiva, e o leitor que visualizava estas
regras, deveriam os reconstruir e entendê-las conscientemente antes de começar
a interpretá-las. Deste modo, o intérprete está em uma posição melhor que o
autor, por pertencer em um povo e cultura diferente, e analisá-la
historicamente. O (2) é a compreensão por empatia: este entendimento empático é
composto por duas dimensões, a gramatical e a psicológica. A compreensão
gramatical consiste no entendimento do pensamento por meio de léxicos, da
linguagem e das sentenças do diálogo ou texto, podendo entender seus sentidos
idiomáticos e semânticos, bem como o uso das metonímias. A psicológica consiste
em o intérprete reconstruir e explicar os motivos do autor, juntamente com suas
implícitas pressuposições mediante um ato de identificação com ele, i.é.
o intérprete se esforça para entender o pensamento do autor em um ato de
compreensão imaginativo. Este tipo de compreensão hermenêutica psicológica de
Schleiermacher deixou os sentidos dos textos com inúmeros e infinitos de
possíveis interpretações, embora ele admite que o autor, ao escrever tinha um
único sentido definido em mente, ao qual consistia no alvo do leitor.
Este conjunto de
compreensão, deixou sua teologia simplesmente como aspectos existenciais, por
exemplo, para ele, a Religião é apenas um sentimento e o gosto pelo infinito,
que primeiramente consistia em meras emoções psicológicas, e a adoração
religiosa era apenas um sentimentalismo religioso, e tudo isto, de certa forma
abriu caminho para uma hermenêutica centrada no leitor, que tem como princípio
o conceito de verdade relativa condicionada em cada existência humana.
Estas proposições
literárias filosóficas-teológicas resultaram no texto bíblico uma
multiplicidade de interpretação condicionada a cada existência psicológica.
Dentre elas, as ramificações teológicas influenciadas principalmente por
Gadamer e Foucault na pós-modernidade deixaram, sem sombra de dúvidas, vários
segmentos teológicos díspares, mas no presente estudo, dentre estas várias
vertentes teológicas pretendo apenas citar as duas principais:
6.4.1 A Teologia da Libertação
A Teologia da
Libertação é um movimento teológico que surge na metade do séc. XX, que tem
suas raízes filosóficas ao marxismo cultural. A ideologia deste pressuposto de
estudos bíblicos, é defender que o tipo de exegese bíblica deve ser
interpretado a partir das necessidades socioeconômicas do mundo em que os
leitores vivem. O teólogo Leonardo Boff por exemplo, defende que a ideologia
fundamental da libertação, é que os pobres e oprimidos ao interpretar
determinados textos bíblicos partem dos pressupostos de suas experiências culturais,
como a opressão cultural e a pobreza, ao qual determinará sua compreensão do
texto sempre da ótica da libertação social. Conceitos como pecado e redenção
são interpretados do ponto de vista existencial absoluto; pecado para os pobres
e oprimidos é a injustiça social, a fome e as crianças de rua que vivem comendo
lixo. Redenção não é apenas um conceito espiritual ou ético, mas a libertação
destas estruturas esmagadoras pelos brancos e ricos, e a liberdade para o
desenvolvimento financeiro; a vida que Jesus veio trazer é entendida como sendo
a libertação da opressão e da miséria e a fartura de qualidade de vida social.
Com isso, para estes defensores, ser cristão é identificar-se com os pobres e
fazer uma opção pelas suas lutas socioeconômicas.
6.4.2 A Teologia Feministas
As hermenêuticas
feministas, também é outro paradigma de estudos exegéticos ideológicos baseado
nas obras filosóficas de Gadamer. Suas pretensões é expor o mito e preconceito
patriarcal implícito contra as mulheres, e denunciá-las suas opressões
machistas. Estes pressupostos dogmáticos, quase que escatológico, abordam que
alguns textos bíblicos tem sido um meio de dominação machista ao longo dos
séculos. Estas implicações hermenêuticas levaram a uma nova versão de tradução
da Bíblia, chamada de linguagem inclusiva, que tem a intenção de
eliminar as pretensões patriarcais relativos aos textos. Conceitos como Deus
sendo Jeová, foi uma tentativa de os homens serem superiores as mulheres e a
oprimi-las por uma hierarquia masculina, quando na verdade, para estes
defensores, o Deus de Israel era chamado Sofia.
Um exemplo de
exegese feminista, é a interpretação que a teóloga Phyllis Trible faz da
concubina sendo espancada, relatado em Jz. 19:1-30. A intenção de Trible é
apresentar toda a discriminação social desumanizada e no desprezo das mulheres
pela sociedade patriarcal, dos autores ou narradores dos textos bíblicos:
“Essa história
descreve os horrores do poder, brutalidade e triunfalismo masculino; da
impotência feminina, do abuso sexual e aniquilamento da mulher... o elenco de
personagens é predominantemente masculino... todos os homens falam, mas as
mulheres não dizem nada. O caminho é tortuoso e de tortura. Nossa tarefa é
fazer a jornada ao lado da concubina: ser sua companhia na empreitada literária
e hermenêutica... de todas as personagens da Escritura ela é a menor. Aparece
no início e no fim de uma história que a estupra. Ela está sozinha num mundo de
homens. Nem as demais personagens e nem o narrador reconhecem a sua humanidade.
Ela é propriedade, objeto, ferramenta e artifício literário. (TRIBLE, 1984;
p.98).
7. CONCLUSÃO
Após esta breve
análise das linhas hermenêuticas utilizadas como interpretação bíblica na
cronologia cristã, percebe-se claramente o deslocamento de sentido que estes
axiomas interpretativos apresentados anteriormente no decorrer do artigo,
enfatizava o foco em quatro aspectos existenciais: (1) o método alegórico
utilizado na Patrística e no Escolasticismo tinha como ênfase um
tipo de exegese metafísica com suas bases ideológicas platônicas; (2) o Método
Gramático-Histórico da ortodoxia Protestante tinha como princípio exegético a
busca da intenção do autor como chave de compreensão hermenêutica; (3) o
Liberalismo teológico desenvolvido da Modernidade, influenciado por princípios
Iluministas, tinha como principal foco, um tipo de exegese centrado na
reconstrução e formação do texto por meio de métodos críticos em relação a
origem das Escrituras, e (4) a eclosão das Novas Hermenêuticas abandona
totalmente como pressuposição exegética a intenção autoral concernente às
Escrituras, tendo um tipo de hermenêutica centrada no leitor, tornando seus
sentidos arbitrários.
O caminho
alternativo para melhor compreensão exegética em relação a origem e formação
das Escrituras, é encontrar dentre destes paradigmas apresentados, um método
que seja coerente em relação a Revelação-Inspiração das páginas Sagradas, e que
ao mesmo tempo, busca uma compreensão melhor deste, por meio de ferramentas
exegéticas com intenção de aprimorar as discrepâncias teológicas contidas ainda
não resolvidos. Como proposto no resumo do presente artigo, o melhor caminho
alternativo para solução destes axiomas hermenêuticos, é a utilização do Método
Gramático-Histórico, por apresentar princípios respeitosos em relação a doutrina
e aos fenômenos das Escrituras, e ótimos resultados práticos na
missão eclesiástica.
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