Hermenêutica: Uma Breve Análise da Historia da Interpretação Bíblica e Suas Influências na Teologia Contemporânea


Edno José de Almeida Filho
Gabriel F. Oliveira

O presente artigo provê uma análise das linhas hermenêuticas discorridas durante a história da interpretação bíblica utilizados no Cristianismo, sendo eles: (1) a Patrística, (2) Escolástico, (3) Reformado, (4) Moderno e (5) Pós-moderno; juntamente com suas pressuposições ideológicas, e suas influências na atualidade. Este artigo tem como objetivo, propor que o Método Gramático-Histórico ainda é um método por excelência no campo da teologia, por apresentar ótimos resultados práticos na missão eclesiástica.

PROLEGOMENA

 A palavra hermenêutica deriva do vocábulo grego hermeneutike, que significa a arte ou técnicas de interpretar e explicar textos ou um discurso. Segundo a filosofia, a hermenêutica aborda duas variantes: a epistemológica, com a interpretação de textos, e a ontológica, que remete para interpretação da realidade. Etimologicamente está relacionada com Hermes, o deus da mitologia grega, que era filho de Zeus com Maia[3], que era responsável de trazer a interpretação da vontade dos deuses para a humanidade.  A hermenêutica pode ser aplicada a textos bíblicos, filosóficos e jurídicos. Na hermenêutica bíblica, ela está relacionada a arte que estuda as Escrituras, e o que cada palavra, frase e capítulo significa. Para se fazer hermenêutica bíblica, é necessário do uso da Exegese, com técnicas de estudos nos idiomas originais, na história e tempo em que o texto bíblico escolhido fora escrito; E como afirma Louis Berkhof (2004 p.10): “A Hermenêutica e a Exegese se relacionam como a teoria se relaciona com a prática. Uma é ciência, a outra, arte.”
A exegese bíblica está relacionada ao estudo e a interpretação crítica de um texto. Para se fazer exegese, é primeiramente necessário fazer-se o uso de ferramentas básicas da exegese bíblica; como um bom conhecimento das línguas originais, a análise da literatura e do discurso, a teologia e a história da transmissão do texto bíblico, e com a Filologia, a Crítica textual e a Manuscritologia. Portanto, a intenção do exegeta é tentar entender qual foi a intenção e objetivo do autor quando escreveu determinado texto.
Com todos estes dados, analisaremos de forma breve a história da hermenêutica bíblica na era cristã, e as influências ideológicas e filosóficas na interpretação bíblica. Primeiramente, analisar-se-á o método de interpretação utilizado durante o período da Patrística: A escola de Alexandria e de Antioquia, juntamente com alguns pensadores, como Orígenes e Santo Agostinho. Posteriormente, analisar-se-á o método hermenêutico utilizado durante o período do Escolasticismo e, por conseguinte, o método Gramático-Histórico desenvolvido durante o período Reformado; em seguida, analisar-se-á o método hermenêutico desenvolvido no período Moderno, com o surgimento do liberalismo teológico; e por último, o período Pós-moderno e a eclosão das Novas Hermenêuticas e suas influências na teologia contemporânea: como a Teologia feministas e a Teologia da Libertação. É importante também salientar, que o autor do presente artigo, tem como ênfase defender o ponto de vista Gramático-Histórico, tendo como a Bíblia a Palavra infalível de Deus.

A PATRÍSTICA

O período denominado Patrística, foi uma ocasião em que o pensamento idealista filosófico Platônico e Aristotélico foi aplicada a hermenêutica bíblica. Este título foi atribuído aos Pais da Igreja, que foram os responsáveis em defender a fé, doutrina, e liturgia da comunidade católica contra as heresias expostas por pagãos. Também foi um período de intensos debates, pois estes padres buscavam entender o sentido exato das palavras dos profetas e apóstolos, e como interpretá-las à tal modo, que sempre se aplicasse a Cristo. Neste período, surge duas linhas de pensamento e interpretação bíblica: a Escola de Alexandria, que tinha uma hermenêutica mais alegórica; e a Escola de Antioquia, que tinha uma interpretação mais literal e contextual dos textos bíblicos.

2.1 A Escola de Alexandria

O sistema hermenêutico de interpretação de Alexandria teve suas raízes históricas em dois principais pensadores: Heráclito e Platão. O primeiro estabeleceu o conceito de Hippunóia, que buscava dar um sentido metafísico as obras literárias de Iliáda e Odisséia, atribuída à sua autoria a Homero. Nesta obra, os deuses da mitologia grega são pélagos cometendo imoralidades, adultérios, mentiras e etc.; e para fugir das implicações hermenêuticas óbvias destas obras, Heráclito sugeriu um novo método de interpretação, a hupponóia, ou seja, um sentido mais profundo da literalidade textual, salvando assim, os deuses de acusações de imoralidades.
O segundo, Platão, foi o idealizador da Teoria das formas, ou também chamada Teoria das ideias: esta teoria afirma que são as ideias ou formas materiais não abstratas, consubstanciais, imutáveis e atemporal que possuem o tipo mais transcendente e mais fundamental da realidade, e não o mundo físico, material, mutável e temporal conhecido pela humanidade através dos sentidos. Para Platão, há um certo grau de conexão metafísica entre a visão do olho do corpo e a da alma e o objeto em razão do qual tal visão não existe.
Estes pressupostos epistemológicos de se obter conhecimento da realidade, influenciou Orígenes. Para ele, a melhor perspectiva de se obter conhecimento bíblico, era através da pressuposição platônica. Nesta concepção, assim como o corpo humano possuía uma tricotomia, i.é, um tríplice: corpo, alma e espírito; assim a Bíblia também possuía três níveis de interpretação: o corpo, ou literal, a alma como sentido moral e o espiritual obtendo uma acepção mística ou alegórico. No nível literal, ou corpo, era o sentido textual compreendido de maneira evidente por todos os intérpretes, Orígenes considerava este modelo hermenêutico para os indoutos e principiantes na fé. O segundo era o nível da alma, ou moral; este já era para aqueles que haviam obtido progresso espiritual na vida cristã, e buscavam sentido mais profundo e espiritual na interpretação textual bíblica. E por fim, o nível místico, ou alegórico; este era a interpretação para os experientes, e que possuíam uma vida espiritual elevada.

2.2  A Escola de Antioquia

O método hermenêutico da escola de Antioquia teve suas raízes históricas no séc. III d.C. por Doroteu e Lúcio. Enquanto os teólogos da escola de Alexandria enfatizavam uma exegese mais alegórica, os de Antioquia ressaltavam uma exegese contextual e literal em razão ao texto. Seus principais representantes são, João Crisótomo e Teodoro de Mopsuéstia. O primeiro foi um arcebispo da cidade de Constantinopla, e muito conhecido por suas homilias e por sua habilidade em oratória, foi um hábil exegeta, e sua compreensão simples e direta as Escrituras eram contrárias ao método alexandrino. Crisótomo implicava que a exposição do texto em questão, deveria ser prática e utilizável a vida cotidiana. O segundo, foi um bispo e escritor da cidade de Mopsuéstia na Cilícia; diferentemente de Crisótomo, que enfatizava uma exegese espiritual e aplicada, ele salientava um tipo de exegese mais intelectual e dogmática.
Esta escola ajudou de certa forma, a contribuir, o que posteriormente seria chamado de método Gramático- Histórico, pois tinham uma sensibilidade ao sentido literal do texto, e buscavam entender qual fora a intenção do autor, e também não negavam o caráter metafórico de algumas passagens; e auxiliou no desenvolvimento do conceito de theoria: este era um princípio utilizado pelos antioquianos para descobrir um sentido mais profundo nos escritos escatológicos do AT e do NT, mas sem perder também seu caráter histórico nos dias do profeta, eles também eram contrarias as descobertas arbitrárias de Cristo no AT, e concordavam que Cristo estava presente nas escrituras hebraicas, mas eram contra a ideia de que Jesus estava presente em cada sentença, palavra e frase, dando um sentido metafisico e alegórico ao texto.
O tipo de exegese textual desenvolvido na escola de Antioquia, de certa forma influenciou na interpretação dos chamados Pais Latinos, embora nem sempre se utilizava o sentido natural e contextual do texto. Dentre os seus principais intérpretes estão: Santo Agostinho e Jerônimo. Ao primeiro, é atribuído o conceito, de que posteriormente por João Cassiano no Escolasticismo seria chamado de Quadriga: que em um texto, poderia haver quatro níveis de sentido. Jerônimo ao princípio de sua carreira como exegeta seguía a mesma metodologia alegórica de Orígenes, mas posteriormente o abandonou pelo sentido literal, um dos exemplos da quase literalidade de interpretação está na sua tradução da Vulgata.
A história da interpretação deixa claro que Agostinho tinha uma hermenêutica mais literal que Jerônimo, um exemplo clássico desta situação, está na interpretação que tinham de Gálatas 2:11, no qual Celso, um apologeta pagão utilizava este texto  para defender que Paulo e Pedro tinham discordâncias teológicas: Neste episódio percebe-se claramente a diferença da hermenêutica de um para o outro, pois Jerônimo o interpretava  afirmando que Paulo estava apenas fingindo e que este “conflito” entre ambos não deveria ser levado em consideração, mas Agostinho não concordava com esta interpretação, pois para ele, o caráter e a moralidade de Paulo era afetado, juntamente com a autoridade da própria Escritura.

O ESCOLASTICISMO

No Escolasticismo as linhas hermenêuticas de exegese foram similares aos Pais Latinos, pois neste, os padres e bispos católicos fizeram da Bíblia um sistema de codificação escriturísticas, i.é, que poderia ser interpretado somente pelos líderes eclesiásticos. Esta ideologia de codificação das Escrituras, de certa forma teve suas influências hermenêuticas na metodologia alegórica de Orígenes, embora que nem todos os teólogos deste período foi influenciado pelo mesmo. Entre os alegoristas do Escolasticismo destaca-se João Cassiano, que a ele é atribuída a famosa quadriga, colocando a exegese Bíblica em quatro níveis de sentidos: (1) o literal ou histórico, que é o sentido evidente e óbvio no texto; (2) o alegórico ou cristológico, que geralmente apontava para Cristo; (3) o moral ou tropológico, era a aplicação feita das escrituras as obrigações e a conduta do cristão, e (4) o anagógico ou escatológico; que se aplicava as profecias futuras e que o cristão deveria aguardar. Um exemplo clássico da quadriga é o uso que Bernardo de Claraval, um prolífico escritor do séc. 11, em seu livro Sobre o amor de Deus aplica ao livro de Cantares 2:
“[...] nem os judeus nem os pagãos sentem as dores do amor como a igreja, que diz: “Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, pois desfaleço de amor, ” [Ct. 2:5]. Ela contempla o rei Salomão, com a coroa com a qual a sua mãe o coroou no dia do casamento; ela vê o unigênito do Pai carregando o fardo pesado da sua cruz. Contemplando isso, a espada do amor transpassa sua própria alma e ela clama: “Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, pois desfaleço de amor. ” Os frutos que a esposa colhe da Árvore da vida no meio do jardim de seu amado são romãs [Ct. 4:13], que tomam seu gosto de pão da vida, e sua cor do sangue de Cristo. ” (LOPES, Augustus Nicodemus. 2013, p.185). A principal ênfase na exegese alegórica dos textos bíblicos, por parte dos teólogos escolásticos era justificar as inovações litúrgicas, e os dogmas eclesiásticos. Um exemplo desta aplicação, era referente ao sacerdócio, como intercessores entre Deus e a humanidade, e os poderes para efetuar a transubstanciação, passaram a ser justificados com base de interpretações alegóricas das Escrituras. E referente aos dogmas eclesiásticos, ou a regula fidei, como a justificação da ex catedra, o bispo Antônio de Florença da França justificava estas práticas pela interpretação alegórica do Sal. 8:7-8, como as ovelhas sendo os cristãos, os bois sendo os judeus e hereges, e os animais do campo sendo os pagãos, e os peixes do mar eram as almas no purgatório.
Embora que neste período, praticamente predominava o método alegórico de interpretação bíblica, ainda tinham monges que utilizavam um método mais natural em razão das Escrituras, como o monge alemão Tomás Kenpis. Outro fator que influenciou alguns intérpretes do Escolasticismo a utilizar o método mais literal, foi o surgimento das escolas de teologia, na idade Média Alta, que adotaram um sistema de interpretação questio, como antagônico aos sistemas dos mosteiros, que eram centros de estudos devocionais (lectio). O questio era um método de interpretação que consiste em um quis de perguntas e respostas referentes aos textos estudados, que refletia em entender a intenção do autor em determinado texto.
As influências de exegetas judeus também de forma significativa influenciaram na hermenêutica cristã. Assim como no período Patrístico, Orígenes teve influências de Filon de Alexandria, no Escolasticismo não foi diferente, RASHI foi exegeta judeu, que tinha um método de interpretação peshat, que era mais sensível ao texto bíblico, influenciaram teólogos como o próprio Kampis e Hugo de São Vitor da França. Também as obras de Maimônides, um teólogo e filósofo judeu do séc. XII, que a ele é atribuído a codificação da lei judaica (halakha) e aos 13 princípios de fé judaica (Ygdal), defendia que a Lei (Torá) deveria ser interpretada e aplicada (agadah) literalmente.

A REFORMA PROTESTANTE

No período escolástico, os papas e padres católicos eram consideradas pela população medieval, como pessoas infalíveis, sem sujeito a erros na interpretação, com o início da reforma, os teólogos adeptos ao protestantismo deveriam elucidar textos bíblicos sem recorrer ao uso alegórico e a tradição utilizada pela ex cátedra da Idade Média. Enquanto que a alegorese enfatizavam somente a doutrina das Escrituras, o método hermenêutico utilizado na reforma dava-se também ênfase no fenômeno das Escrituras, i.é, atentando aos sentidos léxicos-gramaticais e ao contexto histórico do autor bíblico, não atribuindo contradições entre diferentes versículos abordando no mesmo assunto, mas buscavam um modo de que os relatos sejam harmonizados; isto fazia que com o tipo de exegese reformada, seja controlada, pelos que os críticos- históricos denominam como dogmatismo eclesiástico, de que a Bíblia é a infalível e inerrante palavra de Deus. Um exemplo clássico desta situação, é o relato da cura do cego em Jericó, narrados em Mt. 9:27-34 Jesus curando dois cegos saindo da cidade, em Lc. 10:46-52, o mesmo relato histórico, mas, porém, Jesus chegando na cidade curando apenas um único cego - Bartimeu. Outra importância para os reformadores, era a aplicação de certas passagens de contextos antagônicos do
AT, que os autores do NT atribuíram a Jesus; como no caso do Os. 11:1 como menino de referindo ao povo Israel quando saiu do Egito, e Mateus (2:15) o aplicou a Jesus, quando do Egito saiu.
O método desenvolvido na Reforma, conhecido como Método Gramático-Histórico, embora o uso deste termo apareça 100 anos após o Protestantismo, enfatizava que entre o leitor ao autor, havia uma lacuna temporal e contextual distantes, i.é, que os textos bíblicos foram escritos em linguagem, contexto e tempo diferente do intérprete, por isso era necessária uma busca acurada sobre a cultura e linguagem da época do profeta ou apóstolo. Calvino, entendo perfeitamente este fato, quando disse que o leitor e intérprete das escrituras deveria orare, pois a bíblia era um livro difícil de entender, e nada melhor que recorrer ao seu Autor; e labutare, i.é entender o máximo possível da linguagem, história e contexto da época do livro estudado.
Com estas pressuposições, de que a Bíblia é a infalível e inerrante palavra de Deus, textos como o relato de Os. 11:1 aplicado a Mt. 2:15 eram interpretados como sensus plenior, uma vez que os cristãos o tinham como revelação-inspiração divina. A contradição dos dois relatos da cura do cego de Jericó, os reformadores elucidaram uma resposta plausível a esta contradição: de que o uso casual de Lc. 10: 46-52 sendo curado um cego, podiam facilmente ser interpretados a luz do contexto sistemático de contagem, de que não eram contados mulheres e crianças (Gn. 12:32 e Nm. 1:46); possibilitando uma hipótese possível que o relato de Mt. 9:27-34, a intenção do autor possivelmente era quebrar esta barreira cultural, dando a possibilidade de interpretar o segundo cego como uma mulher, ou criança.

4.1 O uso da Crítica Textual

A ênfase que os reformadores deram no labutare da Bíblia, em entender a intenção e o contexto do autor, levaram-no a fazer uma pesquisa mais acurada dos textos bíblicos, como o uso da Crítica Textual. Na Teologia bíblica, o uso da ferramenta da crítica textual é um importante e excelente recurso para o estudo da Bíblia. A Crítica Textual tem como objetivo, fazer uma pesquisa profunda, por meio da análise da filologia, a comparação e a preservação de manuscritos existentes, chamados de variantes textuais, e por intermédio destes restituir por interferência da hermenêutica e a exegese a forma “originária” da Bíblia, ou seja, se aproximar o mais possível dos autógrafos bíblicos.
Um exemplo da utilização da baixa crítica, está no verso de Is 21:8: “E um leão clamou: Meu Senhor, eu estou sobre a torre de vigia...” (tradução do texto massorético da BHS); neste texto, Deus havia ordenado ao profeta construir um posto de observação, para poder anunciar a derrota do império babilônico, e embora a tradução feita do TM esteja correta, o que levou o leão a estar sobre a torre de vigia? Esta implicação levou diversos exegetas a atribuir um sentido metafórico ao texto, interpretando-o como um mensageiro clamando como grito de um leão, como na tradução da KJV, outros pensam que se trata de um grito de alerta, como os pastores de ovelhas. Em virtude desta divergência exegética, alguns críticos sugeriram que o leão deveria ser substituído pela palavra vidente, isso porque nos erros de cópias de manuscritos anteriores deveria ter feito a transposição de duas letras da palavra hebraica הראה (haro’eh) para אריה (‘ar’ryeh) Esta incógnita ficou em suspense até metade do século 20, pois até mesmo a LXX deparou com o leão, sem saber ao certo o que fazer com ele; mas com as descobertas dos manuscritos do Mar Morto, o leão saiu de vez do pedestal, pois o rolo 1QISA datando do 2 século a.C., aparece a formulação “vidente”, confirmando assim a hipótese de texto que os críticos haviam chegado por intermédio da análise da crítica-textual.

5. A MODERNIDADE
A Modernidade teve suas raízes históricas com o surgimento do Iluminismo, no séc. XVII e principalmente no XVIII tendo seus principais objetivos na libertação da humanidade e da superstição, principalmente a religiosa, por meio da análise racional e das descobertas científicas. A contribuição para o conhecimento científico inicia-se com três pensadores, embora houvessem outros que revolucionou o conhecimento científico, e a mudança de paradigma que se obtinha-se antes da era Moderna: (1) Nicolau Copérnico com o modelo cosmológico heliocêntrico, que anteriormente pensava-se que o modelo universal seria geocêntrico. (2) Francis Bacon, também foi outro importante fator que contribuiu para o desenvolvimento do Método Científico, que se refere a um conjunto de ideias que possam ser verificáveis, baseadas no campo da observação e que possam ser analisadas pela indução. (3) Rene Descartes, que por intermédio do raciocínio e da lógica científica as proposições podem extrair conclusões absolutas.
Este paradigma hermenêutico ficou conhecido como Sapere Aude, um lema latino utilizado por Kant, e posteriormente por Lucke em resposta ao que significava o Iluminismo: atreva-se a conhecer, ou ouse saber. Estes ideais sob influências do racionalismo filosófico-teológico tiveram seus iminentes impactos em diversas áreas do conhecimento científico além da teologia e a filosofia, como é retratado por Ricardo Gouveia:
“A razão deveria julgar o que é aceitável, ou não, que se creia sobre Deus, e substituindo a revelação e a tradição, tornou-se o novo árbitro da verdade. O homem se viu capaz de entender a ordem fundamental do universo, e os Princípios newtonianos simbolizaram essa nova era. As leis da natureza tornaram-se inteligíveis, e o homem se viu capaz de dominar e transformar o mundo. O ideal científico determinou que apenas os aspectos mensuráveis da vida e do cosmos deviam ser tratados como reais. Não apenas as ciências naturais, mas também a política, a ética, a metafísica e a teologia teriam que se submeter à rigidez dos cânones científicos.” (GOUVEIA; Ricardo. 1996. p.60-61).
Os pressupostos paradigmáticos do ethos moderno reinterpreta toda a cosmovisão ideológica do Escolasticismo; pois a ênfase deste paradigma hermenêutico deve-se ao Humanismo da Renascença, com ênfase no humano, em detrimento ao divino. Estas bases ideológicas e cosmovisão da modernidade foram aplicadas a teologia, possibilitando em uma nova reinterpretação das Escrituras, e surgindo um novo paradigma hermenêutico de estudos teológicos: o Método Histórico-Crítico.

5.1  O Liberalismo Teológico
A contribuição para a formulação da hermenêutica moderna, teve como influência o dogmatismo eclesiástico no controle do conhecimento no Escolasticismo: este paradigma (Método Gramático-Histórico) teve como pressuposição teológica quatro principais pontos que controlavam a hermenêutica e a exegese bíblica: (1) a Bíblia é a palavra de Deus (2) as Escrituras é inerrante,
(3) as manifestações Teofânicas no tempo e na história são literais, e (4) a autoridade e infalibilidade das Escrituras. Estas pressuposições teológicas, foram deixadas de lado paulatinamente, com a chegada do racionalismo moderno e cartesiano, ou seja; o Sapere Aude foi aplicado a hermenêutica bíblica, com o intuito de se aproximar do objeto de estudo de forma neutra e científica, considerando as Escrituras não mais como Revelação-Inspiração divina, mas somente como um livro de origem humana, e que deveria ser examinado como qualquer outro, admitindo erros, falhas, imprecisões, inverdades, mentiras piedosas, pseudonímia e mitos nas páginas do AT e do NT. Um exemplo desta abordagem mitológica aplicada a forma oral das Escrituras, é a hipótese que David Strauss faz referente aos escritos dos evangelhos sinóticos. Para Strauss, nenhum dos relatos sequer dos evangelhos relatados no NT foram escritos por uma testemunha ocular, mas são apenas registros de misturas de aspectos mitológicos com relatos históricos:
“Apesar de que a vida terrena do Senhor cai dentro dos tempos históricos, se assumimos que somente uma geração passou entre a sua morte e a composição dos evangelhos, tal período teria sido suficiente para permitir que o material histórico se misturasse com mito. Tão logo um grande homem morre, as lendas se ocupam de sua vida.” (STRAUSS, David Friederich, 1860, p.32).
Este paradigma de interpretação bíblica, difere do método Gramático Histórico, em três principais pressuposições ideológicas: (1) o ceticismo (2) criticismo e (3) o deísmo. Ao ceticismo, o liberalismo teológico como foi apresentado anteriormente, nasce com o modelo ideológico do Iluminismo, que tem como objetivo a obtenção de conhecimento científico por meio da indução, da razão, e principalmente do ceticismo, o que levou vários teólogos, como Rudolf Bultmann, Ernst Kasemann, Schleiermacher e outros a serem céticos referente a doutrinas e ao fenômeno das Escrituras. Ao segundo, o criticismo, este modelo hermenêutico além de relevar os aspectos históricos e geográficos, fizeram com o uso da Crítica Textual, ou Baixa Crítica uma ferramenta de Alta Crítica para defender a ideologia de erros históricos, geográficos e literários nas Escrituras; sendo assim, aparentes discrepâncias como o texto de Is. 21:8, os dois relatos da cura do cego de Jericó em Mt. 9:27-34 e Lc. 10:46-52, os textos do AT que foram aplicados a messianidade de Jesus, e os sensus plenior, como Os. 11:1 em Mt. 2:15; eram considerados pelos liberais como erros hermenêuticos por parte dos autores bíblicos. E, por último, o terceiro, o liberalismo teológico tem suas dívidas paradigmáticas com o deísmo, que é uma cosmovisão de mundo que o interpreta como um sistema de causas e efeitos, colocando as ações divinas como totalmente transcendentes, tirando as ações de Deus no tempo e na história. Esta pressuposição totalmente ideológica, faz com que as manifestações Teofânicas apresentadas nas páginas Sagradas sejam descartadas, recorrendo, por exemplo, que os milagres de Jesus relatadas no NT sejam mitos históricos escritas pelos crentes em Jesus do I e do II século.
Com estas perspectivas, principalmente a do deísmo, Bruno Bauer, um teólogo liberal alemão, por exemplo, atribui os milagres feitos por Jesus, juntamente com sua ressurreição, foram atividades ideologicamente inventados pelos seus seguidores após sua morte, quando passaram a acreditar que ele fosse o Messias, e por meio do Kerygma dos apóstolos fora ressuscitado:
“Jesus tinha que realizar esses milagres, esses milagres espantosos, pois de acordo com o que os evangelhos apresentam, ele é o Messias..., mas ele só começou a fazer milagres quando, na fé da igreja primitiva, ele ressurgiu dos mortos como Messias. ” (LOPES, Augustus Nicodemus. 2017, p.185)
Estas ideologias racionalistas e ceticistas levaram teólogos a considerarem Palavra de Deus e Sagradas Escrituras como não sendo termos sinônimos; como afirma Johan Semler (SEMILER, J.1967, p.52): “A raíz de todos os males (na teologia) é usar os termos ‘Palavra de Deus’ e ‘Escritura’ como se fossem idênticos”. Com estas perspectivas teológica, a exegese bíblica teve uma reestrutura na forma metodológica de estudos hermenêuticos concernentes às Escrituras, pois a busca destes teólogos liberais, era tentar encontrar, com base na ideologia de Semler, dentro do Cânon Formal[15] o Cânon Normativo. Estas abordagens críticas referentes a origem e transmissão da bíblia, levaram exegetas, como Albert Schweitzer e Bruno Bauer, a terem diversas abordagens críticas de interpretação na busca deste Cânon Normativo dentro do Cânon Formal. Estas abordagens metodológicas são: (1) a Críticas Documentária, (2) a Crítica da Forma, e (3) Críticas Literária.

5.1.2 A Críticas Documentária

Esta abordagem crítica em relação ao fenômeno das escrituras tem como objetivo o estudo de diferentes componentes do texto Bíblico em relação às literaturas contemporâneas, e analisá-los separadamente, uma vez que nos tempos em que foi escrito, não continha dados de direitos autorais. Sendo assim, a tarefa da Crítica das Fontes, ou também chamada de Hipótese documentária, é identificar estes documentos compilados das Escrituras, e analisá-las separadamente de sua teologia e contexto histórico em que foram escritos.  
Um exemplo desta abordagem metodológica referente ao AT, é a hipótese que Jean-Astruc e posteriormente Graff-Wellhausen  defende, que ao Moisés escrever o Pentateuco, utilizou-se de quatro fontes documentárias por detrás da posição Formativa: Astruc primeiramente defende que Moisés utilizou duas fontes para os relatos da criação em Gn 1-2; uma que refere-se a Deus como Elohim (fonte Eloísta) – Gn. 1:1 - e outra que refere-se a Deus como Yahweh (fonte Javista) Gn. 2:1, - já Wellhausen estende esta hipótese a todo o Pentateuco, admitindo quatro origens documentárias como fontes hipotéticas, além das fontes Eloístas e Javistas propostas por Astruc,  mas também as fontes Deuteronomistas e Sacerdotal.
Estas pressuposições exegéticas por intermédio destas hipóteses críticas, influenciou em 1780 Johnn Eichhorn a rejeitar a autoridade mosaica a Torah, e em 1805 Wilhelm De Wette a propor que nenhuma das partes, ou fontes documentárias que compõem os cinco primeiros livros da Bíblia foram escritas em datas anteriores ao reinado de Davi; possibilitando do ponto de vista da crítica e Normativo, i.é. os 66 livros canônicos, o Cânon Normativo, que seria uma espécie de um Cânon singular ao Cânon Formal, e este o que seria de fato a palavra de Deus dentro das Escrituras supostamente atribuído pelo epíteto de Cânon Normativo. racional, um anacronismo em relação a ordem cronológica do Cânon Formal e tradicional. Esta hipótese de cronologias antagônicas, posteriormente reestruturou toda a base cronológica bíblica tradicional, o exemplo a ser citado, é as cronologias distintas entre as ordens tradicional e a crítica. Referentes ao AT, a ordem cronológica tradicional, tem como estrutura cronológica (1) o Pentateuco e os livros históricos, (2) os livros poéticos, ou sapienciais, (3) os profetas maiores (anteriores) e menores (posteriores). Já referente a ordem cronológica crítica – abordagem Histórica-Crítica - da cronologia do AT, a estrutura normativa tradicional recebe uma reorganização e reestruturação cronológica, com bases na teoria de Wilhelm De Wette, sendo (1) o surgimento dos profetas (2) os escritos dos livros poéticos, e (3) o Pentateuco e os livros históricos.

5.1.3 A Críticas da Forma

Esta metodologia vai além da Crítica das fontes, e tem como objetivo descobrir as formas originais dos textos bíblicos em seu processo de transmissão oral antes de sua forma escrita, e também identificar as alterações feitas durante o processo de transmissão que posteriormente foram editadas e escritas. Com esta forma de metodologia, o objetivo do exegeta é reconstruir o Sitz im Lebem, i.é., o ambiente vivencial em que estas fontes foram produzidas, para assim chegar ao exato sentido do texto.
Esta metodologia, por exemplo foi aplicada aos textos do NT por Bultmann, que se utiliza deste método para identificar o material autêntico dos evangelhos. Para ele, os ditos de Jesus relatados nos escritos do livro de Marcos por exemplo, foram transmitidos por um período considerável de forma oral antes de sua forma escrita, posteriores a ressurreição. Estas formas, foram produzidas separadamente, e independente umas das outras, e posteriormente selecionadas e agrupadas em um único texto pela comunidade Marcana. Bultmann também tem como alvo identificar diversas formas de gêneros literários nos livros sinóticos, e explicar como foram produzidos, agrupados e formado em única obra. Os paradigmas referentes aos relatos sobrenaturais de Jesus, como curas, exorcismo e milagres, para ele, foram criados pela comunidade Primitiva e aplicados a boca do Jesus histórico, como evidência de sua messianidade; e em alguns casos, estas histórias foram criadas segundo o padrão dos relatos míticos e lendários do AT, como os milagres de Elias e a cura da filha de Jairo. Assim, posteriormente os crentes da Igreja Primitiva reuniu de modo superficial todos os materiais disponíveis que foram transmitidos de forma oral, selecionados, e agrupados recebendo sua forma escrita, como está disposto atualmente nos evangelhos sinóticos do Cânon Formativo.
Dentro destas perspectivas, Bultmann nega os relatos históricos dos evangelhos referente aos relatos sobrenaturais, como os milagres de Jesus, seu nascimento virginal, sua ressurreição, e consequentemente seu retorno a este planeta. Para ele, Jesus é apenas um homem comum, que revolucionou a história por seu exemplo e testemunho, como afirma em sua obra Kerygma and Myith:
“Quem é esse homem Jesus? É um homem como nós, e não uma figura mítica [isto é, nunca realizou milagres]; ele não tem radiância messiânica... é um homem que renovou e radicalizou o protesto dos grandes profetas do Antigo testamento contra o legalismo e o culto falso de Deus, e que foi entregue pelos judeus aos romanos para ser crucificado. Tudo o mais é incerto e lendário. ” (BULTMANN, Rudolf. 1961, p.37)

5.1.4 A Críticas Literária       
       
Enquanto a Críticas documentária tem como objetivo recuperar os documentos que foram originalmente usados para a composição do texto Bíblico, e a Crítica da forma com a transmissão oral pela qual estes documentos textuais pela tradição passaram, a Críticas Literária, ou Críticas da Redação se debruça com seus redatores que haviam combinados estas fontes para formar o texto em sua fase final. Estas abordagens críticas como metodologia exegética para encontrar o Cânon Normativo dentro do Cânon Formal, é tentar descobrir por meio da Crítica Literária os materiais originais, para em seguida, excluir os textos alterados pelos redatores quando editaram os textos sagrados na forma que se encontra no Cânon Formal.  
Esta abordagem leva à conclusão que boa parte dos escritos que compõem textos do AT e NT são, em sua forma final, fruto de edição, coleção e harmonização de textos antigos e de fontes anteriores, que em sua fase final, refletia um texto com as perspectivas teológicas das comunidades locais dos editores ou escribas. Sendo assim, a tarefa da crítica literária é na tentativa de descobrir a “teologia” e os princípios teológicos destes redatores que a compõem, e que hoje se encontram no Cânon Formal.
Esta metodologia de pesquisa levou Gerhard von Rad a aplicar a Crítica Literária aos textos do AT, ao qual ele tenta sempre ir além do processo de reconstrução dos estágios iniciais no processo de formação do Cânon Formativo, o que leva os exegetas a sempre escutar o “redator” para assim entender qual foi a intenção que o livro estudado quer realmente dizer. Esta abordagem levou vários teólogos como Martin Noth a escreverem sobre a teologia Deuteronomista, o suposto redator dos livros de Josué-2 Reis, também sobre a teologia do Cronista, suposto redator que editaram os textos de 1-2 Crônicas e alguns dos livros proféticos.
Referente a abordagem do NT, W. Wrede levanta sua hipótese quanto a teologia do livro de Marcos. Em sua obra Das Messiasgeheimnis in den Evangelien, Wrede defende que a estrutura deste evangelho foi mera invenção do redator, ao qual tem o objetivo de revelar, o que Wrede chama de segredo messiânico. Este segredo, para ele, só foi descoberto após a ressurreição, o que significa que a declaração de Pedro “tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” não foi realmente histórico, mas criada pelo autor que editou o livro de Marcos, e colocado na boca de Pedro. Sendo assim, o autor de Marcos tem como objetivo declarar que Jesus é o Messias, e explicar o porquê isto não foi descoberto antes de sua morte. Embora a tese de Wrede ser fortemente criticada por vários eruditos do NT, a sua influência foi muito grande, provocando enorme suspeita sobre a estrutura literária do evangelho e desconfiança em relação às narrativas históricas relatadas no texto que dão o contexto dos ditos de Jesus.

5.2 A Teologia Dialética

A Teologia Dialética, ou também chamado de Neo-Ortodoxia, é uma abordagem hermenêutica que emerge no séc. XX por Karl Barth, no esforço de subjugar os efeitos nocivos do Método Histórico-Crítico e afastar o subjetivismo existencialista da interpretação bíblica, e principalmente no Cristianismo. Em sua hermenêutica, ele não abandona totalmente os pressupostos do liberalismo teológico, mas propõe que a Igreja leia a Bíblia sem levar em conta seus resultados exegéticos, pois afinal, para ele, a fé é independente da historicidade da narrativa bíblica. Com isso, Barth defende que os relatos históricos narrados na Bíblia não podem transmitir a imanência divina, e como registro histórico, as Escrituras só nos falam mediante a simultaneidade histórica mediante a fé.
Este ecletismo do liberalismo teológico e inspiração bíblica, Barth faz uma distinção paradigmática de inspiração verbal e inspiração literal. Para ele, a inspiração verbal é inegável, correta, e que não poderia ser negada teologicamente, pois as Escrituras são testemunhas do Cristo encarnado; mas a inspiração literal, ou inerência bíblica deveria ser negligenciada, pois se trata de uma garantia miraculosa aos relatos errôneos e discrepantes das Escrituras, pois a palavra de Deus nunca deve ser identificados nas palavras humanas, ou eventos históricos. Estas proposições Barthiana levou muitos de seus discípulos a considerarem as Escrituras e a história da Redenção como meros testemunhos e analogias das ações transcendentes de Deus. Um exemplo a ser citado deste paradigma hermenêutico, é o comentário que fez sobre a fé e existência de Abraão, que para ele, esta fé só faz sentido se uma pessoa crer como Abraão creu. Desta forma, Barth não está negando sua historicidade, mas apenas não acredita que seja possível prová-la, e que isto só tem utilidade para o presente se pudermos ver a correlação entre nossa situação do presente e aquela mencionada:
“A história do Gênesis alça a sua voz para nos falar do que não é histórico: e nos diz que a fé que habitou em Abraão lhes foi imputada por justiça... É nesta forma, neste discurso de simultaneidade, que a história revela a sua utilidade, mostrando ao tempo presente o sentido único de todos os eventos históricos... Sem a proclamação do “não histórico”, sem tomar ciência do conteúdo e do significado imaterial dos eventos humanos e mundanos, o passado não fala, e o presente não houve... Se, independentemente dos estudos dos documentos antigos, não existir, bem viva, a percepção do significado único e constante dos eventos humanos, a história se transforma em simples narração da sequência de épocas e enumerações das civilizações que se sucedem... A história do Gênesis é dessa natureza. Ela é uma história que escuta e que fala. Ela é plena de contemporaneidade.” (BATH, 1986, p.58).       

6. A PÓS-MODERNIDADE

A Pós-Modernidade é marcada por uma imensa relativa desconstrução das hermenêuticas apresentadas anteriormente, e pela mudança de paradigmas em relação as metanarrativas construídas na Modernidade. Em relação ao seu ufanismo inicial, foi muito discutido por filósofos da atualidade, mas atualmente há um imenso consenso a este surgimento histórico, datado em torno de 1960 e 1970, com a queda do muro de Berlim, e o colapso do comunismo, como nascimento da era pós-moderna.
Como o período Pós-moderno não surgiu de uma forma emergente em um único período da história, ela tem sido constantemente influenciada por diversos intelectuais que apontaram possíveis resultados para os problemas relacionados às questões Modernas. No século XIX por exemplo, surge Søren Kierkegaard e Nietzsche que são conhecidos como antecessores do pensamento pós-moderno, e que foram as primeiras vozes filosóficas, no que no século XX seria chamado de existencialismo. É importante salientar também, que neste mesmo período, as obras de Martin Heidegger, Ludwig Wittgenstein, Thomas Khun, Max Scheler e Karl Mannheim moldaram de forma significativa as hermenêuticas pós-modernas do século XX. Como cada um destes pensadores podem ser compreendidos de diversas perspectivas, não pretendo citá-los suas ideologias, mas apenas enfatizar como estas influenciaram para o início do pós-modernismo, mas pretendo apenas destacar, no meu ponto de vista, os intelectuais que contribuiu com maior preeminência para as hermenêuticas pós-modernas.

6.1 Implicações culturais

Diferentemente do Iluminismo, o pós-modernismo abandona o conceito de absolutismo que poderia ser alcançada por um método correto, e defende que os métodos são sempre determinados pela época e contextos específicos. O teólogo
Alister McGrath, define as hermenêuticas pós-modernas como (2001, p.112) “uma espécie de sensibilidade cultural sem absolutos, certezas fixas ou fundamento, que se deleita no pluralismo e na divergência”.
Hans-Gadamer é um dos principais filósofos da pós-modernidade que reage fortemente contra o conceito de verdade absoluta. Influenciado por Heidegger, ele defende que os métodos de pesquisas para obtenção do conhecimento são sempre determinados pela época e períodos específicos da História, e que toda e qualquer pesquisa é controlada por seus pressupostos culturais. Portanto, na busca de conhecimento não se pode falar de uma metodologia específica como na interpretação de textos, mas sim de uma interpretação epistemológica. Gadamer ainda defende, que ao elucidar um determinado texto, a intenção do autor não é decisiva e nem necessária para encontrar sua intenção textual, e que o entendimento deste não é causado inteiramente pelos pressupostos do leitor, mas é aquilo que ele chama de Fusão de horizontes: que no processo de leitura, os mundos vivos dos textos e do intérprete se fundem, expandindo o horizonte do texto produzidos por uma terceira e nova situação histórica, tornando-se seu sentido arbitrário.
Além de Gadamer, as obras filosóficas de Foucault e Rorty foram outros fatores relevantes para as hermenêuticas pós-modernas. Ambos abandonam a proposta da filosofia sistêmica, para a filosofia edificante: de que o conhecimento absoluto é credenciado ser verdadeiro por um produto de uma situação histórica cultural. Rorty argumenta que simplesmente devemos desistir de buscar a verdade, e nos satisfazer unicamente com a interpretação epistemológica da realidade, sendo elas relativas, dependendo de suas perspectivas culturais.

6.2  O Estruturalismo

O estruturalismo é uma corrente científica da linguagem que emerge no início do século XX, por Ferdinand Saussure, que aborda a realidade social a partir de um conjunto de elementos considerado elementar das relações, que tem como intenção, por meio deste método descobrir as estruturas sintáticas do texto que sustentam todas as coisas que os seres humanos fazem, pensam, percebem e sentem, em vez de estudar estes elementos isoladamente em si mesmo.
A teoria estruturalista de Saussure faz uma distinção entre langue (língua) e parole (fala). A langue está relacionada á estrutura da linguagem que o conjunto de símbolos e padrão que estão por detrás da fala (parole). Esta distinção é ilustrada por Saussure por duas orquestras que possuem a mesma pauta musical, que seria as estruturas da langue; e as interpretações das diferentes orquestras são a parole; com isso, as orquestras tocam a mesma pauta com as mesmas estruturas, porém com detalhes diferentes, que seria as interpretações diferente da mesma peça. Assim, na hermenêutica existem a langue que seria a “pauta” por detrás das diferentes línguas, e a parole que são as diversas interpretações da “pauta”.
No estruturalismo, o trabalho do linguista e do intérprete, é se preocupar com as estruturas pertencente a langue á qual os textos pertencem, sendo analisadas através da sincronia, i.é. a ocupação que as palavras estão sendo utilizadas no presente em relação umas às outras; sendo assim, em uma frase, um substantivo deve ser subordinado ao restante da estrutura textual em que a compõe o sistema, e não por sua qualidade diacrônica. O problema desta teoria, por mais que o autor tenha escrito com uma única intenção, o seu texto transmitiu inconscientemente uma série de outros sentidos por meio da estrutura que governa todas as línguas.
Este método de interpretação sincrônica estruturalista, auxiliou na formulação da crítica da narrativa, ou também chamada de nova crítica literária; que principalmente se preocupa com os aspectos literários da narrativa bíblica, não focalizando no contexto histórico do texto, mas sim na forma como os autores bíblicos os narraram. Suas principais características são (1) a autossuficiência do texto, que é considerado como independente do seu autor, e que seu sentido literário está contido nele mesmo, sem recorrer aos aspectos externos; e (2) a negação da intenção do autor, que a sua intenção juntamente com o contexto em que o texto foi escrito, são considerados como não tendo qualquer importância para a hermenêutica, i.é. ao terminar de escrever um texto, o autor juntamente com suas intenções “morrem”.

6.3  O Desconstrucionismo

A desconstrução, também chamado de pós-estruturalismo é um conceito elaborado pelo filósofo francês de origem judaica Jacques Derrida, que emerge em resposta ao estruturalismo literário de Saussure, que os paradigmas textuais estão relacionados em estruturas sintáticas resultantes no sintagma. Os desconstrucionistas rejeitam esta hipótese, para eles, as palavras não têm nenhuma capacidade de expressar tudo o que realmente a linguagem tenta transmitir; e que a locução é apenas um sistema fechado que não tem qualquer relação direta com a realidade externa, e todos os paradigmas gramaticais são arbitrários, e um texto é simplesmente uma série de sinais e símbolos que participam de uma “arena textual” ao qual convida o leitor a “brincar” com o texto, possibilitando todas as leituras possíveis de um mesmo contexto em múltiplas interpretações.
A ênfase do desconstrucionismo é penetrar no texto pelo uso da desconstrução para denunciar sua arrogante pretensão, por meio do exercício, do que Derrida chama de aporia, que é encontrar nos textos sua básica contradição, que geralmente consiste no uso de metonímias, que para ele demonstra este deslize entre os significados, apresentando suas contradições externas. Para esclarecer como é feito a desconstrução, usarei o exemplo que Gene Veith faz em uma leitura desconstrucionista da Declaração da Independência Americana:
“Mantemos estas verdades como auto evidentes, que todos os homens são criados iguais; que são adaptados por seu Criador de certos direitos inalienáveis; que entre esses direitos estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.” (VEITH, Gene Edward Jr. 1998, p.32)
Veith em sua obra Tempos Pós-Modernos declara que esta citação acima pode ser desconstruída por suas explícitas contradições: as declarações dos termos igualdade e liberdade desconstrói o sentido literário do texto, pois mesmo falando de igualdade social, exclui o uso do termo mulheres (...todos os homens são iguais...), e se tratando de liberdade, alguns de seus autores possuíam escravos, como Thomas Jefferson. Assim o conceito de liberdade e igualdade no texto é desconstruída, ou desmontada por estas contradições, o que nega ás mulheres e os negros dos mesmos.
Na teologia, o desconstrucionismo tem exercido influência desde 1980, com a mesma pretensão, de desmontar e relativizar a intenção do autor, e com esta finalidade, passagens como o chamado de Abraão em Gn. 12 podem ser reinterpretados como sendo invenção de um povo para justificar sua posse na terra de Canaã. P.D Miscall aplica este mesmo método nos livros do AT, e um de muitos exemplos destrutivos que ele aborda em seu livro The Working of Old testament é a análise que faz da história de Davi e Golias:
“[...] não dá para saber que tipo de gente era Davi. O texto nos permite supor que era um jovem pastor piedoso que iria enfrentar o gigante porque o mesmo desafiou o Deus de Israel, ou que era um jovem guerreiro ambicioso que sabia os efeitos da derrota de Golias sobre o exército israelita.” (MISCALL, P.D, 1983. p.73)
Para Miscall, o texto não traz nenhuma informação sobre quais foram as motivações de Davi para derrotar Golias, possibilitando duas interpretações: (1) que ele era um pastor piedoso e o enfrentou por desafiar o Deus de Israel, e (2) por ser um jovem ambicioso e por ter pretensões de tomar posse do reinado de Saul; tornando o relato do texto bíblico com ambiguidade.

6.4  Diversidades epistemológicas na interpretação bíblica

Na Pós-Modernidade, a hermenêutica bíblica sofre diversas influências principalmente de pensadores existencialistas. As obras de Bultmann e Schleiermacher, por exemplo, contribuiu de forma significativa para a relativização do texto bíblico; e são aplicadas de dois modos: (1) quando um texto é produzido, o autor inconscientemente reproduz nele uma série de regras e convicções de cultura e língua exclusiva, e o leitor que visualizava estas regras, deveriam os reconstruir e entendê-las conscientemente antes de começar a interpretá-las. Deste modo, o intérprete está em uma posição melhor que o autor, por pertencer em um povo e cultura diferente, e analisá-la historicamente. O (2) é a compreensão por empatia: este entendimento empático é composto por duas dimensões, a gramatical e a psicológica. A compreensão gramatical consiste no entendimento do pensamento por meio de léxicos, da linguagem e das sentenças do diálogo ou texto, podendo entender seus sentidos idiomáticos e semânticos, bem como o uso das metonímias. A psicológica consiste em o intérprete reconstruir e explicar os motivos do autor, juntamente com suas implícitas pressuposições mediante um ato de identificação com ele, i.é.  o intérprete se esforça para entender o pensamento do autor em um ato de compreensão imaginativo. Este tipo de compreensão hermenêutica psicológica de Schleiermacher deixou os sentidos dos textos com inúmeros e infinitos de possíveis interpretações, embora ele admite que o autor, ao escrever tinha um único sentido definido em mente, ao qual consistia no alvo do leitor.
Este conjunto de compreensão, deixou sua teologia simplesmente como aspectos existenciais, por exemplo, para ele, a Religião é apenas um sentimento e o gosto pelo infinito, que primeiramente consistia em meras emoções psicológicas, e a adoração religiosa era apenas um sentimentalismo religioso, e tudo isto, de certa forma abriu caminho para uma hermenêutica centrada no leitor, que tem como princípio o conceito de verdade relativa condicionada em cada existência humana.
Estas proposições literárias filosóficas-teológicas resultaram no texto bíblico uma multiplicidade de interpretação condicionada a cada existência psicológica. Dentre elas, as ramificações teológicas influenciadas principalmente por Gadamer e Foucault na pós-modernidade deixaram, sem sombra de dúvidas, vários segmentos teológicos díspares, mas no presente estudo, dentre estas várias vertentes teológicas pretendo apenas citar as duas principais:

6.4.1 A Teologia da Libertação

A Teologia da Libertação é um movimento teológico que surge na metade do séc. XX, que tem suas raízes filosóficas ao marxismo cultural. A ideologia deste pressuposto de estudos bíblicos, é defender que o tipo de exegese bíblica deve ser interpretado a partir das necessidades socioeconômicas do mundo em que os leitores vivem. O teólogo Leonardo Boff por exemplo, defende que a ideologia fundamental da libertação, é que os pobres e oprimidos ao interpretar determinados textos bíblicos partem dos pressupostos de suas experiências culturais, como a opressão cultural e a pobreza, ao qual determinará sua compreensão do texto sempre da ótica da libertação social. Conceitos como pecado e redenção são interpretados do ponto de vista existencial absoluto; pecado para os pobres e oprimidos é a injustiça social, a fome e as crianças de rua que vivem comendo lixo. Redenção não é apenas um conceito espiritual ou ético, mas a libertação destas estruturas esmagadoras pelos brancos e ricos, e a liberdade para o desenvolvimento financeiro; a vida que Jesus veio trazer é entendida como sendo a libertação da opressão e da miséria e a fartura de qualidade de vida social. Com isso, para estes defensores, ser cristão é identificar-se com os pobres e fazer uma opção pelas suas lutas socioeconômicas.

6.4.2 A Teologia Feministas

As hermenêuticas feministas, também é outro paradigma de estudos exegéticos ideológicos baseado nas obras filosóficas de Gadamer. Suas pretensões é expor o mito e preconceito patriarcal implícito contra as mulheres, e denunciá-las suas opressões machistas. Estes pressupostos dogmáticos, quase que escatológico, abordam que alguns textos bíblicos tem sido um meio de dominação machista ao longo dos séculos. Estas implicações hermenêuticas levaram a uma nova versão de tradução da Bíblia, chamada de linguagem inclusiva, que tem a intenção de eliminar as pretensões patriarcais relativos aos textos. Conceitos como Deus sendo Jeová, foi uma tentativa de os homens serem superiores as mulheres e a oprimi-las por uma hierarquia masculina, quando na verdade, para estes defensores, o Deus de Israel era chamado Sofia.
Um exemplo de exegese feminista, é a interpretação que a teóloga Phyllis Trible faz da concubina sendo espancada, relatado em Jz. 19:1-30. A intenção de Trible é apresentar toda a discriminação social desumanizada e no desprezo das mulheres pela sociedade patriarcal, dos autores ou narradores dos textos bíblicos:
“Essa história descreve os horrores do poder, brutalidade e triunfalismo masculino; da impotência feminina, do abuso sexual e aniquilamento da mulher... o elenco de personagens é predominantemente masculino... todos os homens falam, mas as mulheres não dizem nada. O caminho é tortuoso e de tortura. Nossa tarefa é fazer a jornada ao lado da concubina: ser sua companhia na empreitada literária e hermenêutica... de todas as personagens da Escritura ela é a menor. Aparece no início e no fim de uma história que a estupra. Ela está sozinha num mundo de homens. Nem as demais personagens e nem o narrador reconhecem a sua humanidade. Ela é propriedade, objeto, ferramenta e artifício literário. (TRIBLE, 1984; p.98).

7. CONCLUSÃO

Após esta breve análise das linhas hermenêuticas utilizadas como interpretação bíblica na cronologia cristã, percebe-se claramente o deslocamento de sentido que estes axiomas interpretativos apresentados anteriormente no decorrer do artigo, enfatizava o foco em quatro aspectos existenciais: (1) o método alegórico utilizado na Patrística e no Escolasticismo tinha como ênfase  um tipo de exegese metafísica com suas bases ideológicas platônicas; (2) o Método Gramático-Histórico da ortodoxia Protestante tinha como princípio exegético a busca da intenção do autor como chave de compreensão hermenêutica; (3) o Liberalismo teológico desenvolvido da Modernidade, influenciado por princípios Iluministas, tinha como principal foco, um tipo de exegese centrado na reconstrução e formação do texto por meio de métodos críticos em relação a origem das Escrituras, e (4) a eclosão das Novas Hermenêuticas abandona totalmente como pressuposição exegética a intenção autoral concernente às Escrituras, tendo um tipo de hermenêutica centrada no leitor, tornando seus sentidos arbitrários.
O caminho alternativo para melhor compreensão exegética em relação a origem e formação das Escrituras, é encontrar dentre destes paradigmas apresentados, um método que seja coerente em relação a Revelação-Inspiração das páginas Sagradas, e que ao mesmo tempo, busca uma compreensão melhor deste, por meio de ferramentas exegéticas com intenção de aprimorar as discrepâncias teológicas contidas ainda não resolvidos. Como proposto no resumo do presente artigo, o melhor caminho alternativo para solução destes axiomas hermenêuticos, é a utilização do Método Gramático-Histórico, por apresentar princípios respeitosos em relação a doutrina e aos fenômenos das Escrituras, e ótimos resultados práticos na missão eclesiástica.

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