Divórcio: Um Estudo Exegético de Marcos 10. 2 – 12


Chandler Tiago dos S. Sant’ Ana[1]
Darlysson de Melo Pereira[2]

1 INTRODUÇÃO
O tema do divórcio é polêmico e por isso é discutido há centenas de anos. A correta compreensão da temática é significativa e deve vir do texto bíblico. Na época de Jesus havia entendimentos distintos sobre o assunto e Jesus se posicionou sobre o mesmo. O presente estudo pretende examinar a perícope de Marcos 10. 2 – 12 para compreender devidamente a posição de Cristo sobre o assunto. Tal pesquisa é relevante para todo aquele que busca viver uma vida cristã em conformidade com as escrituras sagradas. Para obter o resultado desejado será utilizada a metodologia exegética; para se fazer exegese é necessário fazer uso das línguas em que o texto foi escrito hebraico, aramaico e grego bem como o contexto histórico e a linguagem bíblica característica de cada gênero literário para analisar os documentos inspirados (OSBORNE, 2009). Na será discutida no artigo nem autoria nem a datação de Marcos; os autores admitem a perspectiva conservadora sobre os evangelhos.

2 TRADUÇÃO
Abaixo será oferecida uma tradução do texto grego de Marcos.


2 Και προσελθοντες οι Φαρισαιοι επηρωτησαν αυτον ει εξεστιν ανδρι γυναικα απολυσαι πειραζοντες αυτον [3]
E, se aproximando os fariseus, perguntavam-lhe se [ele] permitia (autorizava) ao homem mandar embora a mulher, experimentaram ele.[4]
3 ο δε αποκριθεις ειπεν αυτοις Τι υμιν ενετειλατο Μωσης
Mas ele respondendo disse-lhes; o que a vocês ordenou Moisés?
4 Οι δε ειπον Μωσης επετρεψεν βιβλιον αποστασιου γραψαι και απολυσαι
Mas eles responderam: permitiu Moisés escrever carta de divórcio e repudiar.
5   δ ησος επεν ατος· Προς την σκληροκαρδιαν υμων εγραψεν υμιν την εντολην ταυτην
E respondendo Jesus lhes disse: em vista da dureza do coração de vocês escreveu para vós este mandamento.
6 απο δε αρχης κτισεως αρσεν και θηλυ εποιησεν αυτους ο Θεος
Mas desde o princípio da criação macho e fêmea Deus fez eles (os fez).
7 ενεκεν τουτου καταλειψει ανθρωπος τον πατερα αυτου και την μητερα και προσκολληθησεται προς την γυναικα αυτου
8 και εσονται οι δυο εις σαρκα μιαν ωστε ουκετι εισιν δυο αλλα μια σαρξ
E serão os dois em uma carne; portanto, não são mais dois, mas uma carne.
9 ο ουν ο Θεος συνεζευξεν ανθρωπος μη χωριζετω
10 Και εν τη οικια παλιν οι μαθηται αυτου περι του αυτου επηρωτησαν αυτον
E em casa novamente os discípulos dele sobre a mesma coisa perguntaram.
11 και λεγει αυτοις Ος εαν απολυση την γυναικα αυτου και γαμηση αλλην μοιχαται επ αυτην
12 και εαν γυνη απολυση τον ανδρα αυτης και γαμηθη αλλω μοιχαται
E se ela separar do marido dela e casar novamente comete adultério.



3 CONTEXTO HISTÓRICO, POLÍTICO, CULTURAL
3. 1 O Divórcio no Judaísmo

 A tradição talmúdica[5] descreve os fariseus do primeiro século e seus primeiros sucessores rabínicos divididos em duas alas ou escolas; estas foram nomeados em homenagem aos dois grandes sábios Hilel e Shammai, que floresceram no final do primeiro século a.C., cerca de 100 anos antes do templo de Jerusalém ser destruído pelos romanos. Hilel e Shammai foram dois grandes sábios da religião judaica o Talmud registra cerca de 316 controvérsias entre eles. A escola de Shammai tendia a ser mais rígida em suas posições. A escola de Hilel, em geral, era mais “liberal”; das 316 controvérsias somente em 55 a escola de Shammai fez regras mais leves (SCOTT, 2017, pp. 183 – 183; GOLDENBERG, 1996, 5:1158).
Dos diversos debates registrados entre as duas escolas está o debate sobre o divórcio. Uma vez que a lei mosaica permitia o divórcio em algumas circunstancias os sábios das duas escolas passaram a discutir em quais circunstancias era lícito o divórcio (Dt 24. 1 – 4). Alfred J. Kalatch (2001, p. 30) salienta que no judaísmo, o casamento sempre foi considerado uma instituição sagrada.[6] As discussões realmente não estavam relacionadas com o quão sagrado o casamento é, mas sim como lidar com as incongruências dos cônjuges, isto é, quais os motivos que tornavam licito uma separação de acordo com o sistema legal judaico.
A Mishiná discute diversos detalhes sobre o divórcio; por exemplo como emitir uma carta de divórcio dentro e fora de Israel; é discutido se um gentil ou samaritano poderia ser testemunha. Observemos o texto da Mishiná:
 Qualquer tipo de escritura em que haja uma testemunha samaritana é inválida, exceto os mandados de divórcio para as mulheres e os mandados de emancipação para os escravos. Eles trouxeram perante Rabban Gamaliel em Kepar Otenai o pedido de divórcio de uma mulher, e as testemunhas foram samaritanas, e ele declarou que era válido. Todos os documentos redigidos em registros gentios, mesmo que suas assinaturas sejam gentias', são válidos, exceto os mandados de divórcio para as mulheres e os mandados de emancipação para os escravos (GITTIN 1.3).
Outro exemplo de discussão legal na Mishiná sobre o divórcio pode ser visto em Gittin 3. 2:
Quem escreve cópias em branco dos autos de divórcio deve deixar um espaço para o nome do homem, o nome da mulher e a data. [Se o fizer] pelos títulos de dívida, ele deve deixar um espaço para o credor, o mutuário, a soma do dinheiro e a data. [Se o fizer] por ações de venda, ele deverá deixar um espaço para o comprador, o vendedor, a soma da quantia em dinheiro, o terreno e o terreno.
Entre os vários tramites legais discutidos também estão os motivos para um divórcio; tais motivos para a casa de Shammai são mais rígidos por outro lado para a casa de Hilel menos rígidos.[7]
Casa de Shammai diz: “Um homem deve se divorciar de sua esposa apenas porque encontrou motivos para isso na falta de castidade, B "desde que é dito, porque ele encontrou em sua indecência em qualquer coisa (Dt. 24 :)." E a Casa de Hilel diz: “Mesmo que ela estragasse o prato dele, “desde que é dito, porque ele encontrou em sua indecência qualquer coisa. Rabino Akiba diz: [ele pode se divorciar dela] mesmo que ele ache outra mulher mais bonita do que ela, como diz: " acontece que ela não encontra favor aos olhos dele. (GITTIN 9. 10).
As três posições nesta Mishná são todas baseadas em diferentes interpretações de Deuteronômio 24: 1; observa – se que a posição de Akiba é um tanto liberal pois o rabino Akiba se concentra na parte do versículo que diz "ela falha em agradá-lo" como motivos separados para o divórcio. Mesmo que ela não tenha feito nada de errado, ele pode se divorciar dela se desejar mais uma mulher. Devemos observar que o rabino Akiba supõe que ele não desejará ou poderá se casar com outra mulher enquanto ainda estiver casado com sua primeira esposa. O fato de diversos rabinos na época serem a favor da poligamia parece tornar tal interpretação aceitável (KEENER, 2017, p. 174). A posição de Hilel e Shammai era bem conhecida na época de Jesus; é razoável sugerir que quando os fariseus procuram Jesus para lhe perguntar sobre o divórcio estavam querendo saber o que esse novo Rabi pensava sobre o tema tão debatido e se ele estava alinhado com algumas das escolas já mencionadas. [8]

4 PERÍCOPE
A narrativa do ensinamento de Jesus sobre o divórcio apresentada no evangelho segundo Marcos tem início em 10:1 e seu fim em 10:12. Evidências na forma como o texto está escrito fundamentam essa proposta. O verso 1 é introduzido com uma ideia de movimento em direção a um território diferente, essa mudança geográfica, seguida de uma introdução de diálogo iniciado com uma pergunta dos fariseus, indicam uma mudança de perícope. O bloco de texto atual tem como tema a ser discutido a validade da separação conjugal. O verso 13 inicia-se com a conjunção “Και” e um novo assunto é imediatamente trazido à tona, portanto, a partir dessa mudança de assunto, infere-se a finalização da perícope em 10:12.[9]

5 CONTEXTO E ESTRUTURA LITERÁRIA

É importante notar que os evangelhos foram escritos para apresentar a pessoa e obra de Cristo sob diferentes perspectivas. O evangelho segundo Marcos apresenta algumas características interessantes, umas delas é a velocidade do seu fluxo narrativo marcada pelo advérbio “εθς” (logo, imediatamente), o termo aparece 52 vezes nos 4 evangelhos sendo seis em Mateus, 40 em Marcos, 3 em Lucas e 3 em João. As cenas da vida de Jesus, conforme apresentadas por Marcos, são descritas, muitas vezes, com a presença do termo εθς o que demonstra que Marcos dá uma ênfase à ação e a cronologia da vida de Jesus, deixando de narrar até mesmo grandes discursos e mostrando, por outro lado, os milagres realizados pelo Senhor. (CARSON; MOO; MORRIS, 1997, p. 99; DORNELES et al., 2013, v. 2, p. 612; TOGNINI; BENTES, 2009, p. 84-85).
Alguns autores propuseram estruturas para o segundo evangelho[10], todavia, a estrutura proposta apresentada por Craig L. Blomberg se mostra mais completa:
           
Introdução: o início do evangelho (1. 1-13)
O ministério de Cristo (1.14 – 8.30)
A autoridade de Jesus e a cegueira dos fariseus (1. 14 – 3.6)
Introdução (1.14 – 20)
Milagres de cura (1. 21 – 45)
Narrativas de controvérsias (2. 1 – 3. 6)
As parábolas e os sinais de Jesus, e a cegueira do mundo (3. 7 – 6. 6a)
Discipulado e oposição (3. 7 – 35)
Parábolas (4. 1 – 34)
Mais milagres dramáticos (4. 35 – 6. 6a)
O ministério de Jesus aos gentios e a cegueira dos discípulos (6. 6b – 8. 30)
Mais missão, oposição aos milagres (6. 6b – 56)
Puro e impuro: a retirada de Israel (7. 1 – 8. 21)
Visão física e espiritual (8. 22 – 30)
A paixão de Cristo (8. 31 – 16. 8)
Predições da morte e o significado do discipulado (8. 31 – 10. 52)
Cruz e ressurreição pressagiadas (8. 31 – 9.29)
Sobre a verdadeira mordomia (9. 30 – 50)
Ministério na Judéia à luz da cruz (10. 1 – 52)
Jesus e o templo (11. 1 – 13. 37)
Entrada e julgamento (11. 1 – 25)
Ensino e debate (11. 27 – 12. 44)
Predição da destruição e do retorno de Cristo (13. 1 – 37)
O clímax da vida de Jesus (14. 1 – 16. 8)
Preparação para o sofrimento (14. 1 – 72)
Crucificação (15. 1 – 47)
Ressurreição (16. 1 – 8)

A Introdução (I) revela o conteúdo e autor do Evangelho, é Jesus cristo (1. 1). Um mensageiro predecessor é imediatamente anunciado, João Batista, ele prega para que as pessoas se arrependam, confessem seus pecados e sejam batizadas (1. 2 – 5). João, cumprindo a profecia de Isaías, anuncia a vinda daquele que é mais poderoso do que ele (1. 8). Vale notar a velocidade com que Marcos, propositalmente, narra as ações decorridas, após o batismo de Jesus, no verso 10, aparece pela primeira vez o termo “εθς[11], logo saiu da água, e logo (εθς) foi impelido pelo Espírito ao deserto onde foi tentado por Satanás, mas os anjos o serviam (1. 12, 13), antes de prosseguir, é relevante notar que Mateus e Lucas se utilizam, respectivamente, de 11 e 13 versos para apresentar a história da tentação de Jesus, enquanto Marcos utiliza 2 versos apenas.
De agora em diante o evangelista começa a expor o ministério de Cristo (II) em três tópicos principais com três divisões cada um. É importante notar a prisão de João Batista e a ida de Jesus para a Galileia, Cristo prega o evangelho de Deus, ou seja, ele dizia que o reino de Deus estava próximo e conclamava as pessoas ao arrependimento (1. 14, 15), note que a pregação de João Batista também chamava as pessoas para arrepender-se, em Mateus 3: 2, texto paralelo a Marcos 1: 4, a pregação de João é igual a proferida por Cristo em Marcos 1: 15 no que se refere aos elementos “proximidade do reino de Deus” e “arrependimento”, pode-se inferir, a partir disso, que o evangelho de Deus e de Cristo, apresentados por Marcos, são um e o mesmo evangelho.
A partir de 8: 31 o evangelista passa a descrever a paixão de Cristo. Jesus começa a dar indícios de seu sofrimento, morte e ressurreição. Desse momento em diante o Mestre caminha para os momentos finais de sua vida, por mais de uma vez ele avisa aos seus seguidores qual seria o seu fim, os discípulos não entenderam (8. 31 – 33; 9: 30 – 32; 10: 32 – 34). Houveram novos embates entre o Senhor e os fariseus, saduceus (10. 1 - 12; 12. 18 – 27); ensinou aos discípulos que deveriam amar a Deus e ao próximo (12. 28 – 31). Finalmente, o autor narra os momentos finais da vida do mestre, seu julgamento, morte e ressurreição. Essa é a distribuição básica da estrutura do evangelho segundo Marcos.

6 ANÁLISE TEXTUAL
6. 1 Análise Sintática
10. 2 Και πηρώτων ατν ε ξεστιν νδρ γυνακα πολσαι, πειράζοντες ατόν.
A conjunção Και conecta a presente oração com a que veio anteriormente introduzindo o diálogo “Και προσελθοντες οι Φαρισαιοι επηρωτησαν αυτον, E, se aproximando os fariseus, perguntavam-lhe”. A conjunção condicional ει conecta a pergunta condicional: “ει εξεστιν ανδρι, se permitia ao homem”. A oração continua com uma clausula infinitiva “γυναικα απολυσαι, divorciar-se da mulher,” e uma participial “πειραζοντες αυτον, experimentaram ele.”.[12]
10. 3 δ ποκριθες επεν ατος· Τί μν νετείλατο Μωϋσς;
O artigo mais a conjunção lógica, δ, conectam as ideias das passagens, isto é, o verso 3 da sequencia ao que fora dito no 2. A clausula “ δ ποκριθες επεν ατος·, mas ele respondendo disse-lhes;” é participial e é seguida por uma pergunta que dá sequência ao diálogo “Τί μν νετείλατο Μωϋσς; o que a vocês ordenou Moisés?”.
10. 4 ο δ επαν· πέτρεψεν Μωϋσς βιβλίον ποστασίου γράψαι κα πολσαι. O artigo mais a conjunção lógica, δ, conectam as ideias das passagens dando sequência ao diálogo:ο δ επαν·πέτρεψεν Μωϋσς βιβλίον, mas eles responderam: permitiu Moisés escrever carta de divórcio e repudiar.”.
10. 5 δ ησος επεν ατος· Πρς τν σκληροκαρδίαν μν γραψεν μν τν ντολν ταύτην·  Novamente a sentença é introduzida pelo artigo mais a conjunção lógica, δ, conectam as ideias das passagens dando sequência ao diálogo: “ δ ησος επεν ατος·, respondendo Jesus lhes disse:” e a preposição Πρς inicia a frase preposicionada explicativa inicia a resposta: “Πρς τν σκληροκαρδίαν μν γραψεν μν τν ντολν ταύτην·,  por causa da dureza do coração de vocês escreveu para vós este mandamento.
10. 6 π δ ρχς κτίσεως ρσεν κα θλυ ποίησεν ατούς·
A preposição π no início do verso 6 o liga ao 5; a frase preposicionada, “π δ ρχς κτίσεως ρσεν κα θλυ ποίησεν ατούς·, desde o princípio da criação macho e fêmea Deus fez eles (os fez).” Faz parte da sentença iniciada no verso 5.
10. 7 νεκεν τούτου καταλείψει νθρωπος τν πατέρα ατο κα τν μητέρα κα προσκολληθήσεται πρς τν γυνακα ατο,
O verso 7 também faz parte da sentença iniciada no verso 5. A conexão se da por meio da preposição νεκεν, por isso. Sintaticamente a sequencia da sentença no verso 7 possui duas clausulas. A 1) é iniciada pela preposição νεκεν: “νεκεν τούτου καταλείψει νθρωπος τν πατέρα ατο κα τν μητέρα, Por causa disso deixará para trás o homem a seu pai e a sua mãe,”;  a 2) é ligada a primeira por meio da conjunção κα: “κα προσκολληθήσεται πρς τν γυνακα ατο, e será ele unido a sua mulher,”. Tal frase assim como a anterior é preposicionada: πρς τν γυνακα ατο.
10. 8 κα σονται ο δύο ες σάρκα μίαν· στε οκέτι εσν δύο λλ μία σάρξ·
O verso 8 é ligado a sentença do 5 pela conjunção κα: κα σονται ο δύο, e serão os dois”. A preposição ες inicia uma frase preposicionada que explica o que os dois se tornam juntos: ες σάρκα μίαν, em uma carne”. A conjunção στε liga as duas orações sendo que esta segunda é subordinada: “στε οκέτι εσν δύο λλ μία σάρξ·, portanto, não são mais dois, mas uma carne.
10. 9 ον θες συνέζευξεν νθρωπος μ χωριζέτω.
A sentença iniciada no verso 5 é concluída no 9. A conjunção de inferência ον introduz a clausula de conclusão: “ ον θες συνέζευξεν νθρωπος μ χωριζέτω., O que Deus uniu, o homem não separe.”.
10. 10 Κα ες τν οκίαν πάλιν ο μαθητα περ τούτου πηρώτων ατόν.
A conjunção Κα conecta a nova sentença a anterior. A frase que se segue é preposicionada: “ες τν οκίαν, em casa,” essa diz o local onde os discípulos fazem a pergunta que também é preposicionada “περ τούτου πηρώτων ατόν., sobre este perguntaram novamente.”.
10. 11 κα λέγει ατος· ς ν πολύσ τν γυνακα ατο κα γαμήσ λλην μοιχται πʼ ατήν,
A conjunção κα introduz a resposta na nova sentença que tem seu inicio no verso 11. A resposta de Jesus aos discípulos possui três clausulas inferenciais: a 1) “ς ν, quem se separar”; a 2) πολύσ τν γυνακα ατο, da sua mulher” e a 3) que é ligada a anterior pela conjunção κα: “γαμήσ λλην, casar-se novamente,”. A última frase é preposicionada, πʼ ατήν, sobre ele, e antes dela vem a expressão “μοιχται, comete adultério” que está ligada a sentença principal.  
10. 12 κα ἐὰν ατ πολύσασα τν νδρα ατς γαμήσ λλον μοιχται.
A conjunção κα no verso 12 liga está oração coordenada a sentença anterior, isto é, a iniciada no verso 11. Assim o verso 11 é uma oração coordenada.

6.2 Análise Gramatical
Και
προσελθοντες
οι
Φαρισαιοι
επηρωτησαν
αυτον
ει
Conj.
Verbo
Artigo
Substantivo
Verbo
Pron. Pessoal
Conj.

Aoristo
Nominativo
Nominativo
Aoristo
Acusativo


Ativo
Plural
Plural
Ativo
Singular


Particípio
Masculino
Masculino
Indicativo
Masculino


Plural


3ª pessoa



Nominativo


Plural



Masculino





2 Και προσελθοντες οι Φαρισαιοι επηρωτησαν αυτον ει εξεστιν ανδρι γυναικα απολυσαι πειραζοντες αυτον

εξεστιν
ανδρι
γυναικα
απολυσαι
πειραζοντες
αυτον
Verbo
Subs.
Subs.
Verbo
Verbo
Pron. Pessoal
Presente
Dativo 
Acusativo
Aoristo
Presente
Acusativo
Ativo
Singular 
Singular
Ativo
Particípio
Singular
Indicativo
Masc.
Feminino
Infinitivo
Ativo
Masculino
Singular



Plural

3ª pessoa



Nominativo





Masculino


3 ο δε αποκριθεις ειπεν αυτοις Τι υμιν ενετειλατο Μωσης
ο
δε
αποκριθεις
ειπεν
αυτοις
Artigo
Conj.
Verbo
Verbo
Pron. Pessoal
Nominativo

Aoristo 
Aoristo
Dativo
Singular

Particípio
Ativo
Plural
Masculino

Passivo
Indicativo
Masculino


Singular
Singular



Nominativo
3ª pessoa



Masculino



Τι
υμιν
ενετειλατο
Μωσης
Pron. interrogativo
Pron. Pessoal
Verbo
Subs.
Acusativo
Dativo
Aoristo
Nominativo
Singular
Plural
Médio
Singular
Neutro
2ª pessoa
Indicativo
Masculino


Singular



3ª pessoa


4 Οι δε ειπον Μωσης επετρεψεν βιβλιον αποστασιου γραψαι και απολυσαι
Οι
δε
ειπον
Μωσης
επετρεψεν
Artigo
Conj.
Verbo
Subs.
Verbo
Nominativo

Aoristo
Nominativo
Aoristo
Plural

Ativo
Singular
Ativo
Masculino

Indicativo
Masculino
Indicativo


Plural

Singular


3ª pessoa

3ª pessoa

βιβλιον
αποστασιου
γραψαι
και
απολυσαι
Subs.
Subs.
Verbo
Conj.
Verbo
Acusativo
Genitivo
Aoristo

Aoristo
Singular
Singular
Ativo

Ativo
Neutro
Neutro
Infinitivo

Infinitivo

5 Και αποκριθεις ο Ιησους ειπεν αυτοις Προς την σκληροκαρδιαν υμων εγραψεν υμιν την εντολην ταυτην
Και
αποκριθεις
ο
Ιησους
ειπεν
Conj.
Verbo
Artigo
Subs.
Verbo

Aoristo 
Nominativo
Nominativo
Aoristo

Particípio
Singular
Singular
Ativo

Passivo
Masculino
Masculino
Indicativo

Singular


Singular

Nominativo


3ª pessoa

Masculino




αυτοις
Προς
την
σκληροκαρδιαν
υμων
Pron. Pessoal
Preposição
Artigo
Subs.
Pron. Pessoal
Dativo

Acusativo
Acusativo
Genitivo 
Plural

Singular
Singular
Plural
Masculino

Feminino
Feminino
Masculino




2ª pessoa

εγραψεν
υμιν
την
εντολην
ταυτην
Verbo
Pron. Pess.
Artigo
Subs.
Pron. Demonst.
Aoristo
Dativo
Acusativo
Acusativo
Acusativo
Ativo
Plural
Singular
Singular
Singular
Indicativo
2ª pessoa
Feminino
Feminino
Feminino
Singular




3ª pessoa





6 απο δε αρχης κτισεως αρσεν και θηλυ εποιησεν αυτους ο Θεος
απο
δε
αρχης
κτισεως
αρσεν
Preposição
Conj.
Subs.
Subs.
Subs.


Genitivo
Genitivo
Acusativo


Singular
Singular
Singular


Feminino
Feminino
Neutro

και
θηλυ
εποιησεν
αυτους
ο
Θεος
Conj.
Adjetivo
Verbo
Pron. Pessoal
Artigo
Subs.

Acusativo
Aoristo
Acusativo
Nominativo
Nominativo

Singular
Ativo
Plural
Singular
Singular

Neutro
Indicativo
Masculino
Masculino
Masculino


Singular





3ª pessoa




7 ενεκεν τουτου καταλειψει ανθρωπος τον πατερα αυτου και την μητερα και προσκολληθησεται προς την γυναικα αυτου
ενεκεν
τουτου
καταλειψει
ανθρωπος
τον
Advérbio
Pron. Demonst
Verbo
Subs.
Artigo

Genitivo 
Futuro
Nominativo
Acusativo

Singular
Ativo
Singular
Singular

Neutro
Indicativo
Masculino
Masculino


Singular




3ª pessoa



πατερα
αυτου
και
την
μητερα
και
Subs.
Pron. Pessoal
Conj.
Artigo
Subs.
Conj.
Acusativo
Genitivo

Acusativo
Acusativo

Singular
Singular

Singular
Singular

Masculino
Masculino

Feminino
Feminino


προσκολληθησεται
προς
την
γυναικα
αυτου
Verbo
Preposição
Artigo
Subs.
Pron. Pessoal
Futuro

Acusativo
Acusativo
Genitivo
Passivo

Singular
Singular
Singular
Indicativo

Feminino
Feminino
Masculino
Singular




3ª pessoa





8 και εσονται οι δυο εις σαρκα μιαν ωστε ουκετι εισιν δυο αλλα μια σαρξ
και
εσονται
οι
δυο
εις
Conj.
Verbo
Artigo
Numeral
Preposição

Futuro
Nominativo
Indeclinável


Indicativo
Plural



Plural
Masculino



3ª pessoa




σαρκα
μιαν
ωστε
ουκετι
εισιν
Subs.
Adjetivo
Conj.
Advérbio
Verbo
Acusativo
Acusativo


Presente
Singular
Singular


Indicativo
Feminino
Feminino


Plural




3ª pessoa

δυο
αλλα
μια
σαρξ
Numeral
Conj.
Adjetivo
Subs.


Nominativo
Nominativo


Singular
Singular


Feminino
Feminino

9 ο ουν ο Θεος συνεζευξεν ανθρωπος μη χωριζετω
ο
ουν
ο
Θεος
συνεζευξεν
Artigo
Conj.
Artigo
Subs.
Verbo
Nominativo

Nominativo
Nominativo
Aoristo
Singular

Singular
Singular
Ativo
Masculino

Masculino
Masculino
Indicativo




Singular




3ª pessoa

ανθρωπος
μη
χωριζετω
Subs.
Partícula
Verbo
Nominativo

Presente
Singular

Ativo
Masculino

Imperativo 


Singular


3ª pessoa

10 Και εν τη οικια παλιν οι μαθηται αυτου περι του αυτου επηρωτησαν αυτον

Και
εν
τη
οικια
παλιν
Conj.
Preposição
Artigo
Subs.
Advérbio


Dativo
Acusativo



Singular
Singular



Feminino
Feminino


οι
μαθηται
αυτου
περι
του
Artigo
Subs.
Pron. Pessoal
Preposição
Artigo
Nominativo
Nominativo
Genitivo

Genitivo
Plural
Plural
Singular

Singular
Masculino
Masculino
Masculino

Neutro


αυτου
επηρωτησαν
αυτον
Pron. Pessoal
Verbo
Pron. Pessoal
Genitivo
Aoristo
Acusativo
Singular
Ativo
Singular
Masculino
Indicativo
Masculino

Singular


3ª pessoa


11 και λεγει αυτοις Ος εαν απολυση την γυναικα αυτου και γαμηση αλλην μοιχαται επ αυτην
και
λεγει
αυτοις
Ος
εαν
Conj.
Verbo
Pron. Pessoal
Pron. Relativo
Conj.

Presente 
Dativo
Nominativo


Ativo
Plural
Singular


Indicativo
Masculino
Masculino


Singular




3ª pessoa




απολυση
την
γυναικα
αυτου
και
Verbo
Artigo
Subs.
Pron. Pessoal
Conj.
Aoristo
Acusativo
Acusativo
Genitivo

Ativo
Singular
Singular
Singular

Subjuntivo
Feminino
Feminino
Masculino

Singular




3ª pessoa





γαμηση
αλλην
μοιχαται
επ
αυτην
Verbo
Adjetivo
Verbo
Preposição
Pron. Pessoal
Aoristo
Acusativo
Presente

Acusativo
Ativo
Singular
Média

Singular
Subjuntivo
Feminino
Subjuntivo

Feminino
Singular

Singular


3ª pessoa

3ª pessoa



12 και εαν γυνη απολυση τον ανδρα αυτης και γαμηθη αλλω μοιχαται
και
εαν
γυνη
απολυση
τον
Conj.
Conj.
Subs.
Verbo
Subs.


Nominativo
Aoristo
Acusativo


Singular
Ativo
Singular


Feminino
Subjuntivo
Masculino



Singular




3ª pessoa


ανδρα
αυτης
και
γαμηθη
αλλω
μοιχαται
Subs.
Pron. Pessoal
Conj.
Verbo
Adjetivo
Verbo
Acusativo
Genitivo

Aoristo
Dativo
Presente
Singular
Singular

Passivo
Singular
Média
Masculino
Feminino

Subjuntivo
Masculino
Subjuntivo



Singular

Singular



3ª pessoa

3ª pessoa







6. 3 Palavras Chaves
A palavra πολύω aparece doze vezes no evangelho de Marcos. O campo semântico desta expressão indica o ato de soltar, desligar – se de algo, despedir alguém, enviar alguém e também mandar embora; essa última pode ser usada para o divórcio (LOUW et al., 2013, pp. 170, 408; RUSCONI, 2003, pp. 69 – 70).  Essa palavra é usada pelo evangelista com o sentido de liberar alguém, despedir, mandar embora (Mc 6. 36, 45; 8. 3, 9; 10. 2, 4, 11, 12; 15. 6, 9, 11, 15).




6. 4 Comparação Sinótica

Dadas as considerações sintáticas e gramaticais, segue uma comparação entre os relatos do evangelho de Marcos e de Mateus. A presente comparação não inclui o evangelho de Lucas, isso se dá porque o relato lucano não é apresentado como uma exposição detalhada do diálogo examinado neste estudo, mas, como observa Carlos C. Camarena (2012, p. 18), uma declaração isolada em meio a vários ditos de Jesus. Os textos foram dispostos lado a lado para facilitar a comparação por parte do leitor.

Marcos 10: 1 – 12
Mateus 19: 1 - 12
1 Levantando-se Jesus, foi dali para o território da Judeia, além do Jordão. E outra vez as multidões se reuniram junto a ele, e, de novo, ele as ensinava, segundo o seu costume.
1 E aconteceu que, concluindo Jesus estas palavras, deixou a Galileia e foi para o território da Judeia, além do Jordão.
2 E, aproximando-se alguns fariseus, o experimentaram, perguntando-lhe: É lícito ao marido repudiar sua mulher?
2 Seguiram-no muitas multidões, e curou-as ali.
3 Ele lhes respondeu: Que vos ordenou Moisés?
3 Vieram a ele alguns fariseus e o experimentavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?
4 Tornaram eles: Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar.
4 Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher
5 Mas Jesus lhes disse: Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento;
5 e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?
6 porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
6 De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.
7 Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher],
7 Replicaram-lhe: Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar?
8 e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne.
8 Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio.
9 Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.
9 Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério].
10 Em casa, voltaram os discípulos a interrogá-lo sobre este assunto.
10 Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar.
11 E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela.
11 Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado.
12 E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.
12 Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir admita.


O versículo 1 em Marcos é correspondente aos versos 1 e 2 de Mateus, eles se apresentam praticamente iguais, há, porém, duas diferenças básicas, no relato de Mateus, é dito que Jesus sai da Galileia para a Judeia e ali cura as pessoas, em Marcos é dito que ele levantou-se e foi para a Judeia para ensinar. As diferenças apresentadas não são nimiamente dissonantes. O verso dois de Marcos e o 3 em Mateus estão apresentando a introdução para o diálogo, os fariseus se aproximam de Jesus e o testam com uma pergunta, cumpre notar a diferença entre a pergunta dos fariseus em um relato e outro, em Marcos eles perguntam sobre a licitude em um homem repudiar a sua mulher. A diferença primordial está no complemento da indagação que foi registrado por Mateus: “é lícito ao homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo?” as respostas são diferentes, em Marcos o Mestre responde com outra pergunta: o que ordenou Moisés? Eles asseveram que Moisés deu permissão para que o homem emita carta de divórcio, a isto Jesus responde: a permissão de Moisés foi por causa da dureza do vosso coração, mas no princípio não foi assim e cita o texto de Gênesis 1: 27 e 2:22 – 24 e explicando qual o propósito original de Deus (Marcos 10: 3 – 9). Mateus registra uma resposta ligeiramente diferente a esta pergunta. Jesus responde citando diretamente o texto de Gênesis 1: 27 e 2:22 – 24, sem fazer nenhuma indagação aos fariseus (Mateus 19: 4 – 9). Existe, porém, um detalhe diferente no fim das duas respostas, Mateus termina no verso nove com as seguintes palavras: “Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério.” Aqui Jesus deixa claro o único motivo pelo qual há licitude no divórcio, enquanto os fariseus queriam saber se qualquer motivo dava a possibilidade de proceder a separação conjugal, Cristo diz que somente por causa de relações sexuais ilícitas. Finalmente, no fim dos dois relatos, os discípulos trazem novas questões ao mestre, Em Marcos eles fazem uma pergunta que não é explícita, embora possamos deduzir pela resposta de Jesus (v. 10 – 12). Mateus narra com precisão uma questão levantada pelos discípulos que é diferente da questão levantada em Marcos, o ponto suscitado por eles é a respeito da possibilidade de o homem viver sem casar-se, ao que Jesus responde: Nem todos são aptos para tal coisa.
            Diante disso, é possível notar que a comparação entre os dois relatos permite a detecção de detalhes que, de outra forma, seriam menos perceptíveis, uma narração dos fatos ajuda a iluminar a outra. Alguns detalhes se apresentam diferentes, não como uma contradição, mas como uma exposição mais extensa dos eventos ocorridos naquele dia.

7 TEOLOGIA BÍBLICA

A questão posta diante de Jesus pelos fariseus era comum na época como foi mencionado acima. Naqueles dias a discussão concernente ao divórcio era tema de longos debates entre as escolas de Hilel e Shammai; as pessoas tinham de optar pela interpretação destes rabinos (HENDRIKSEN, 2014, p. 408). A narrativa de Marcos não informa de qual escola farisaica eram os indagadores; seja como for parece que eles estão interessados na interpretação deste novo rabi.  
A discussão sobre o divórcio está diretamente ligada a interpretação que se fazia das palavras de Moisés em Deuteronômio 24. 1 – 4. Após eles perguntarem a Jesus se era lícito divorciar – se da esposa Ele responde com outra pergunta: “O que vos ordenou Moisés?” (10. 3). Camarena (2012, p. 107) destaca que o significado de πολύω é o infinitivo anártrico, neste caso, expressa um propósito: "É certo que um homem 'propositadamente' ou 'Intencionalmente' expulsa/ manda embora/ despede sua esposa [de sua casa]?”; “Divorciar-se” não parece ser o significado pretendido de πολύω. A resposta dos interlocutores é direta: “Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e mandar embora” (10. 4).
A frase grega “βιβλίον ποστασίου γράψαι κα πολσαι., escrever um certificado de divórcio e mandar (ela) embora.” é uma referência ao que fora dito na Bíblia Hebraica: “וְכָ֨תַב לָ֜הּ סֵ֤פֶר כְּרִיתֻת֙, escreverá para ela documento de divórcio” (Dt 24. 1);[13] e na Septuaginta (LXX): “κα γράψει ατ βιβλίον ποστασίου, e escreverá certificado de divórcio”.[14] Depois de ouvir a resposta dos fariseus Jesus lhes informa que fora permitido o divórcio por causa da dureza de coração do povo (10. 3). Ronald J. Kernaghan (2007, p. 189) salienta que Deuteronômio 24. 1–4 não é uma expressão da intenção de YHWH para a humanidade, mas uma concessão à dureza de coração. É necessário mencionar que a imoralidade mencionada em Deuteronômio não é necessariamente o adultério pois para esse é prevista a pena de morte. A expressão “βιβλίον ποστασίου, certificado de divórcio” aparece quatro vezes na LXX. Duas vezes em Deuteronômio (24. 1, 3); uma em Isaías 50.1 e uma em Jeremias 3. 8. Essas ocorrências se dão no contexto de divórcio. É singular que em Isaías e Jeremias a expressão é uma referência ao divórcio entre YHWH e Israel, o povo havia cometido adultério, se prostituindo com as divindades pagãs, ou seja, a implicação é que o “documento de divórcio” é dado quando há quebra no relacionamento (DAVIDSON, 2015, pp. 227 – 230; OSWALT, 2011, p. 389).
A resposta de Jesus aos seus interlocutores se inicia no verso 3 e se estende até o verso 9. Após Jesus destacar o motivo pelo qual Moisés deu o mandamento do divórcio Ele menciona o plano original de YHWH; Ele destaca que desde a criação YHWH fez homem e mulher. É digno de nota que a resposta de Jesus está respaldada no texto de Gênesis 2. 24;[15] o texto grego do segundo evangelho corresponde ao da LXX de Gn 2. 24. A conjunção de inferência ον introduz a cláusula de conclusão: “ ον θες συνέζευξεν νθρωπος μ χωριζέτω., Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe.”. Para ele o divórcio era uma obra humana e o casamento uma obra divina. Moisés ao falar da união entre homem e mulher usa a palavra hebraica “דָּבַק, unir – se”; essa palavra indica uma união tanto física quanto espiritual entre pessoas (SCHÖKEL, 1997, p. 146); o termo דָּבַק é frequentemente usado para descrever o anseio humano e a devoção a Deus. O matrimonio evolve relação física entre os cônjuges e espiritual (CASSUTO, 1998, p. 136; DOUKHAN, 2016, p. 85; SARNA, 1989, p. 23). Essa palavra foi traduzida na LXX por προσκολληθήσεται; esse verbo está no futuro, passivo, indicativo terceira pessoa do singular e deve ser traduzido por “será unido”. Tal uso indica que os tradutores da LXX entendiam que o homem era passivo na união matrimonial, ou seja, YHWH era o responsável pela união. [16]Essa realidade é exibida por Jesus no verso 9 quando ele conclui sua explicação dizendo que o casamento é uma obra divina. R. T. France (2002, 388) destaca:
A provisão legal de Moisés no Dt. 24 não foi concebido como uma declaração do propósito de Deus para o casamento, mas como um meio lamentável, mas necessário, de limitar o dano quando esse propósito já foi abandonado. É uma disposição para lidar com a σκληροκαρδία humana, não um indicador do modo como as coisas devem ser. A ética do casamento do reino de Deus deve ser baseada não em uma concessão ao fracasso humano, mas no padrão estabelecido na criação original de Deus de homem e mulher. O que Deus uniu não deve ser separado por iniciativa humana.
Os versos de 10 – 12 exibem a resposta de Jesus aos discípulos; uma aparente contradição com o relato de Mateus foi vista pois no primeiro evangelho essa parte do discurso é feita em público (Mt 19. 9) e no segundo dentro de casa exclusivamente para os discípulos (MEYER, 1883, p. 161; STEIN, 2008, p. 457).  É provável que Jesus tenha falado duas vezes estas palavras uma em meio aos interlocutores e outra aos discípulos em casa (HENDRIKSEN, 2014, p. 409). Não seria a primeira vez que Jesus falou a multidão e em casa explicou aos discípulos novamente (Mc 7. 1 – 23).
A resposta de Jesus nos versos 10 – 12 exibem a correta interpretação de Deuteronômio 24. 1 – 4. Richard Davidson (2015, pp. 217 – 238) demonstrou em sua exegese de Dt 24. 1 – 4 que os versos de 1 – 3 apresentam uma descrição das circunstâncias do divórcio e não uma lei; destaca ele que a lei só é dada no verso 4. Tais observações são singulares pois desta forma a lei que foi dada no verso 4 impede um homem de desposar outra vez uma mulher que fora repudiada pois ela está contaminada. A palavra hebraica usada por Moisés é הֻטַּמָּ֔אָה e está no tronco Hofal perfeito. O tronco Hofal é reflexivo e por isso deve ser traduzido por “foi contaminada”; esse uso indica que uma mulher que foi rejeitada e se casou – se novamente foi contaminada pelo segundo marido de tal forma que o primeiro não pode toma – lá novamente. Em outras palavras o que Moisés disse é que quando uma mulher é repudiada e entra em um novo matrimônio é contaminada; Jesus segue na mesma direção quando explica que a pessoa que repudiar sua esposa e se casar novamente vive em adultério e a mulher que foi repudiada. O novo rabi explica o enigmático texto de Deuteronômio e usa em sua argumentação Gênesis 2. 18 – 24; o último exibe o plano original de YHWH e o primeiro é uma lei para tolher os erros do coração do homem. 

8 TEOLOGIA APLICADA

Em um mundo pós-moderno onde as pessoas correm constantemente atrás do bem-estar e da felicidade; onde se negam os desafios da vida quer sejam emocionais ou físicos e buscam soluções rápidas para seus problemas é desafiador falar de um casamento vitalício, haja vista os desafios do matrimônio (MUELLER, 2015, p. 244).
Augusto Cury (2017, pp. 9 – 10) bem observa que uma pessoa pode lidar com animais durante muito tempo e ser feliz, porém ao lidar com outro ser humano mais cedo ou mais tarde irá se decepcionar. As relações humanas produzem muitos sentimentos; bons e negativos.[17] As pessoas foram criadas de forma diferentes e por isso veem o mundo de forma diferente e o interpretam de forma diferente; para uma sociedade que cada vez mais se preocupa com o bem-estar individual as relações humanas tornam – se um problema. A mentalidade pós-moderna atinge as relações entre cônjuges; as pessoas não estão prontas para se doar em prol do outro; tudo gira em torno do “ser feliz”, mas como observado acima o contato com o outro pode gerar frustrações.
As diferenças entre os cônjuges são desafios para a saúde do matrimonio. Quando casados percebem que não são tão idênticos como pensavam no período da paixão; as tentativas em tentar mudar o outro são frenéticas e na grande maioria dos casos não gera resultado (CURY, 2015, pp. 67 – 86). Gary Chapman (2007) em sua obra Como Mudar o que mais irrita no Casamento destaca passos práticos que podem ajudar no desenvolvimento de relações saudáveis. Ele observa que as críticas não construtivas devem ser eliminadas da relação; as pessoas não mudam por conta das críticas. A mudança parte de quem quer mudança; o amor é uma decisão e quando se decide amar alguém se decide dar o melhor em prol do outro. Chapman observa que quando o cônjuge espera a mudança de outrem precisa estar ciente que nem sempre isso ocorrerá. Não será por meio de manipulações do tipo: “se você fizer isso... Eu farei aquilo...” que as coisas irão acontecer. A proposta do autor é que o cônjuge deve estar falando a linguagem do amor[18] da pessoa com quem se casou; as pessoas se sentem amadas de formas diferentes e é só quando um entende como o outro se sente amado que se terá algum resultado. Visto que o amor é uma decisão os cônjuges devem observar um ao outro para entender o que faz a pessoa se sentir amada; após entender e praticar a linguagem do amor do outro as coisas começam a mudar no casamento pois a parte que tem sua linguagem do amor reconhecida e suprida irá estar mais aberta a mudanças necessárias, todavia é importante lembrar que nem sempre as mudanças acontecem e uma vez que amor é uma decisão a pessoa continua amando seu companheiro (a).
A pós-modernidade também trouxe consigo a ideia de que no casamento homem e mulher possuem seus “direitos”. A história de John e Laura Bradford (2009, pp. 107 – 114) pode ilustrar isso; segundo ela as discussões com John eram constantes e seus amigos pensavam que era só questão de tempo para o divórcio. Ela destaca que durante muito tempo tentou demonstrar que “mandava” tanto quanto ele; ela queria garantir seus “direitos”. Queria demonstrar que tinha autoridade; queria demarcar seu território; queria “direitos” iguais aos de seu marido. A compreensão de que no matrimônio ambos cônjuges tem os mesmos “direitos” tem tornado casamentos em competições até que alguém desiste delas e o matrimônio a caba e os competidores partem em busca de novos oponentes.
A realidade é que desde os tempos antigos satanás tem gasto energias para destruir famílias. Os tempos mudam, mas ele continua ativo. Como visto acima nos dias de Jesus parte dos religiosos achavam que se a sua esposa não lhes agradasse em algum momento se poderia dispensá-la e ir em busca de outra; ou que se outra mulher lhe chamasse atenção poderia deixar o seu leito para se relacionar com outra. Para saciar os próprios desejos velavam suas verdadeiras intenções numa aparente religiosidade que permitia o divórcio quando bem entendessem. Parece que a moderna frase: “que seja eterno o amor enquanto dure” já tinha espaço naqueles corações. Os tempos mudam, mas os desejos do coração humano não. Nos dias modernos diversos desafios têm sido postos diante dos casais e assim como foi feito nos dias de Jesus deve ser feito nos dias atuais. As pessoas precisam ser lembradas de que o matrimonio é uma obra divina e que sem Ele não pode subsistir. YHWH deu o homem para a mulher e a mulher para o homem para que não vivessem sozinhos; para que se relacionassem; o pecado alterou o plano original trazendo ao homem problema nos relacionamentos. Desde a criação YHWH fez homem e mulher um não é melhor do que o outro, porém cada um tem seu papel.

9 CONCLUSÃO

A discussão sobre quais os motivos tornavam lícito o divórcio na época de Jesus era frequente. Quando questionado Ele propôs sua interpretação da Torá no que se refere ao casamento. Para Jesus o casamento foi instituído na criação e deveria ser vitalício; o divórcio só era permitido em caso de adultério ou morte. A sociedade contemporânea pode ser beneficiada por essa compreensão; diversas dificuldades estão diante dos casais atuais e os levam a desanimar e desistir do sagrado matrimônio, porém o preparo devido para essa instituição é necessário. Os princípios mencionados por Jesus no passado ainda são validos hoje independente do que a sociedade moderna pense.  


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[1] Graduando em Teologia pelo Seminário Adventista Latino Americano de Teologia (Salt).
[2] Graduando em Teologia pelo Seminário Adventista Latino Americano de Teologia (Salt).
[3] O texto grego de Nestle Aland, 28 edições revisada (2018).
[4] Todas as traduções apresentadas na presente pesquisa foram feitas pelos autores da mesma.
[5] Todas as citações do Talmud Babilônico seguem a numeração de Neusner (2011); e todas as citações da Mishiná seguem a numeração de Neusner (1988).
[6] Os intérpretes judeus salientam que “aquele que não tem uma esposa vive sem alegria, sem bem-aventurança, sem felicidade”. (Yevamot 62b).
[7] Devemos lembrar que o divórcio foi muito debatido pelos judeus no primeiro século. Jesus e Paulo foram bastante rigorosos em sua oposição ao divórcio e a seita do Mar Morto também provavelmente proibiu o divórcio, ou pelo menos proibiu o novo casamento após o divórcio. Os rabinos, com a casa de Hilel e Rabi Akiba em primeiro plano, estavam mais abertos a permitir que as pessoas se divorciassem. Este não é o fórum adequado para debater essa questão, mas darei algumas explicações em potencial sobre por que os rabinos estavam mais abertos ao divórcio do que outras seitas de judeus. Antes de tudo, a maioria dos rabinos adotou uma atitude muito mais positiva em relação à sexualidade e procriação do que os primeiros cristãos. O divórcio permite que um casal disfuncional cumpra seus desejos procriativos e sexuais em outro lugar. Embora o divórcio possa ser prejudicial e abusado, também pode ser benéfico, pelo menos na perspectiva rabínica. Em segundo lugar, os rabinos raramente usavam a história de Adão e Eva como fonte de Halachá. Essa história contém um forte ideal monogâmico e foi usada por Jesus e pela seita do Mar Morto como base para proibir o divórcio. Finalmente, o divórcio é claramente permitido pela Torá. Portanto, a abertura rabínica ao divórcio pode ser vista como pelo menos parcialmente decorrente de um entendimento simples de que Deus permite o divórcio. No entanto, esse último motivo é menos convincente, pois, embora a Torá certamente permita o divórcio, não está claro se é permitido em todas as ocasiões. (English Explanation of Mishnah 9: 10: 1).
[8] Para um estudo detalhado sobre as prescrições judaicas sobre o casamento ver. Maimônides (2002, pp. 169 – 178) e Blech (2004, pp. 218 – 229).
[9] Robert H. Gundry, (2008, p. 180) segue essa divisão de perícope.
[10] Ver (TOGNINI; BENTES, 2009, p. 85-86); (GUNDRY, 2008, p. 178-180).
[11] A partir daqui o termo será colocado entre parênteses, à medida que for aparecendo no texto do Evangelho, para dar ao leitor melhor compreensão da forma que Marcos dá ao escrever seu livro.
[12] Foram usadas para a análise sintática a sintaxe de Daniel B. Wallace (2009) e Ernest de Witt Burton  (1898).


[13] O texto hebraico usado é o da Bíblia Hebraica Stuttgartensia (1996).
[14] O Texto grego é o de Rahlfs, A. (2011).
[15] Para um estudo detalhado dos usos dos textos da Bíblia Hebraica ver. Beale, G. K.; Carson, D. A. (2007, p. 196).
[16] Jacques Doukhan (2016, p. 86) destaca que “O principal argumento de Jesus é que Deus é pessoalmente envolvido nesse relacionamento, tornando-o inviolável. Casamento não é apenas um caso humano referente apenas ao homem e à mulher; é essencialmente um religioso caso. O texto bíblico martelou essa ideia de várias maneiras. Primeiro, Deus está ativamente presente nessa história; Ele é o principal, se não o único, responsável agente. Ele é o Aquele que "construiu" a família através da costela e Ele é o casamenteiro, Aquele que iniciou o casamento ", ele a trouxe ao homem: 'É um divino instituição. Em segundo lugar, os paralelos linguísticos com o templo do santuário reforçam a intenção do autor de enfatizar o caráter sagrado dessa instituição.”
[17] Para um estudo detalhado sobre a gestão das emoções dentro do casamento ver. Augusto Cury (2015, pp. 13 – 34).
[18] Para um estudo cuidadoso das cinco linguagens do amor ver. Chapman G. (2013).

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